A possibilidade de que parte das negociações climáticas neste ano acabe sendo feita virtualmente, por causa das restrições que persistem relacionadas à pandemia, está causando dor de cabeça em negociadores e observadores ao redor do mundo. A Bloomberg ressaltou a incerteza de muitos deles sobre a viabilidade de um processo diplomático formal nesse tipo de ambiente, sem o contato direto entre as pessoas. Em um processo marcado pelo envolvimento massivo de milhares de pessoas, de praticamente todos os países do mundo, todos os anos, a perspectiva de uma COP climática feita por Zoom representa a principal disrupção em quase 30 anos de negociações climáticas.
Além da impessoalidade de uma conversa virtual, outra preocupação é a falta de infraestrutura digital em muitos países em desenvolvimento, particularmente na África, que poderia restringir a participação desses governos nas negociações em um ano-chave para o processo de implementação do Acordo de Paris, com diversos itens polêmicos na agenda.
Segundo a Reuters, o Secretariado-Executivo da UNFCCC, responsável pela COP de Glasgow junto com o governo do Reino Unido, deve se reunir no final de fevereiro para analisar as perspectivas para a realização tanto da Conferência de novembro como também do encontro intersessional de junho, geralmente realizado na sede da entidade, em Bonn. Publicamente, o governo britânico ainda defende a possibilidade de uma COP presencial, ainda que reduzida, mas não descarta a possibilidade de mudanças nos próximos meses.
Em tempo: Mesmo com a incerteza em torno não apenas da COP26 de Glasgow, mas também do processo global de vacinação contra a COVID-19, o governo do Egito se movimenta nos bastidores para apresentar sua candidatura para sediar a COP27, prevista para acontecer no continente africano no final de 2022. De acordo com o Climate Home, as autoridades egípcias estão desenhando caminhos potenciais para uma Conferência no país, tanto virtual quanto presencial.
ClimaInfo, 11 de fevereiro de 2021.
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