Os EUA vivem mais uma crise causada por um evento climático extremo. Dessa vez, o epicentro do desastre é o Texas, que registrou nos últimos dias as temperaturas mais baixas em décadas, com fortes nevascas. De acordo com meteorologistas, as baixas temperaturas e as tempestades de neve no sul dos EUA estão associadas ao aquecimento no Ártico: com as temperaturas mais altas no Polo Norte, o ar frio que se concentraria nessa região está sendo empurrado para regiões mais ao sul. Bloomberg e Guardian destacaram a análise de especialistas sobre a relação entre o frio incomum no Texas e o aquecimento do Ártico.
Para piorar, o frio intenso causou interrupções na rede de distribuição de energia elétrica, deixando ao menos dois milhões de pessoas sem eletricidade. A queda da energia no Texas já é o maior blecaute forçado da história dos EUA, informou a Bloomberg. O NY Times informou que as áreas mais afetadas pelas quedas de energia no Texas são – surpresa! – aquelas habitadas por comunidades de baixa renda e de minorias raciais marginalizadas.
Como praticamente tudo nos EUA em 2021, a crise no Texas virou argumento na polarização política. Líderes republicanos acusaram a geração eólica de energia, que foi prejudicada pelo congelamento das turbinas aéreas, como a principal culpada pelo blecaute. Como o Guardian destacou, canais conservadores como Fox News aproveitaram esse discurso para martelar contra os planos climáticos do governo Biden e condenar as fontes renováveis de energia por sua “falta de confiabilidade”. Do outro lado, os democratas refutam a acusação e argumentam que falhas nos sistemas de gás natural, carvão e energia nuclear foram responsáveis por quase duas vezes mais interrupções do que as renováveis. Associated Press e Independent também repercutiram a partidarização do blecaute texano e o festival de fake news promovido por negacionistas do clima contra as fontes renováveis de energia.
De todo modo, destacou a Reuters, o apagão no Texas diz mais sobre a falta de planejamento das empresas responsáveis por geração e distribuição de eletricidade no estado do que sobre o desempenho de determinada fonte de energia. Na mesma linha, a Forbes ressaltou que esse episódio é mais um indício da falta de atenção do setor elétrico nos EUA com os riscos climáticos.
ClimaInfo, 18 de fevereiro de 2021.
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