Clima extremo e pandemia intensificam fome na América Central, alerta ONU

América Central fome

Nos últimos dois anos, a fome disparou a níveis históricos em diversos países da América Central, intensificada pelos efeitos econômicos da pandemia e pela maior ocorrência de eventos climáticos extremos na região, alertou nesta semana o Programa Mundial de Alimentos da ONU (WFP, sigla em inglês). Segundo a análise, a fome em El Salvador, Guatemala, Honduras e Nicarágua quase quadruplicou desde 2018, saltando de 2,2 milhões de pessoas em situação de insegurança alimentar para 8 milhões em 2021. Desse total, ao menos 1,7 milhão se encontram na categoria de “emergência” e, assim, necessitam de assistência alimentar urgente.

A temporada recorde de furacões no Atlântico em 2020 foi um duro golpe aos pequenos agricultores familiares da região, que historicamente conseguiam escapar de situações de insegurança alimentar por conta de sua produção. No entanto, a passagem de tempestades como os furacões Eta e Iota arrasaram com os meios de subsistência de 6,8 milhões de pessoas na América Central. Mais de 200 mil hectares de lavoura básica e comercial nos quatro países foram afetados pelos furacões. Para piorar, a queda na demanda causada pela pandemia inviabilizou a venda das safras sobreviventes pelos produtores. Com esse cenário, a WFP apontou também que quase 15% das pessoas entrevistadas na região em janeiro passado disseram que estavam fazendo planos para migrar, representando sete pontos percentuais a mais do que o registrado em 2018, antes da onda de calor que afetou a produção agrícola centro-americana no ano seguinte.

Climate Home, Independent e Reuters repercutiram a análise do Programa Mundial de Alimentos.

Em tempo: O governo de Kiribati anunciou uma parceria técnica com a China para desenvolver a produção rural em uma área de terra comprada pelo país em 2014 na vizinha Fiji. Inicialmente, a ideia era de que o terreno servisse como um eventual refúgio para a população de Kiribati caso o aumento do nível do mar engula o pequeno país insular. No entanto, cientistas alertaram posteriormente que o risco de Kiribati ser engolido pelo mar é pequeno, já que seus atóis de areia aumentarão junto com o nível da água. Por isso, a ideia agora é aproveitar esse terreno para a produção de alimentos para o mercado local – quase toda a comida consumida em Kiribati é importada. O Guardian deu mais detalhes.

 

ClimaInfo, 25 de fevereiro de 2021.

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