Os limites da compensação de emissões de carbono

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Quase todas as promessas de zerar as emissões líquidas têm um capítulo ou parágrafo dedicado a compensar emissões comprando créditos de carbono. A pergunta lógica que se segue é o que acontece se todo mundo compensar todas as emissões comprando créditos de carbono. A resposta lógica é que a concentração de CO2 na atmosfera permanece inalterada e a meta de limitar o aquecimento global não será atingida nunca. Carolina Prolo, no Valor, examina, assim, a função dos créditos de carbono no enfrentamento da mudança climática. De saída, ela lembra que as promessas de zerar emissões líquidas só fazem sentido se as empresas não pararem de reduzir suas emissões reais. Afinal, diz, “existe um limite de emissões de carbono planetário, e o orçamento de carbono com que as empresas e economias globais estão operando é incompatível com esse limite. Ele precisa ser cortado urgentemente.” Os créditos de carbono podem ser uma ajuda transitória ao alavancar projetos que evitam aumentar a concentração de carbono na atmosfera ao longo de rotas de menor custo para as economias. Mas que, no final do dia, o objetivo final dos mercados de carbono é desaparecer no dia em que todas as emissões também deixarem de existir.

Em tempo 1: Na América Latina, México, Chile e Colômbia saíram na frente para precificar as emissões, seja através de um imposto de carbono, seja através do comércio de permissões. Um artigo no Jota explica os avanços que os colombianos vêm realizando. A opção foi por um modelo misto, com um imposto sobre o setor de transportes e um sistema cap-and-trade para o setor industrial. Houve o cuidado de excluir o transporte de carga e ainda falta definir as metas para as indústrias. Lá, como aqui, a queima de combustíveis fósseis representa menos de um terço das emissões. Assim, foi aberta a possibilidade de se compensar emissões através de projetos de proteção e restauro florestal.

Em tempo 2: A Suprema Corte do Canadá tomou uma decisão histórica ontem: confirmou que o governo federal tem a autoridade para implantar um preço nacional para as emissões, extensivo para todo o território. Uma lei neste sentido, baixada pelo governo Trudeau, foi contestada pelas províncias de Alberta (onde ficam as maiores jazidas de óleo e gás), Saskatchewan e Ontario, ambas governadas por conservadores. Essa decisão foi histórica o suficiente para ser comentada no Financial Times, AP, Reuters, BBC e pela Bloomberg.

 

ClimaInfo, 26 de março de 2021.

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