Após cúpula climática, situação política de Salles segue incerta

Salles situação política incerta

Além de aplacar a irritação internacional para com a política ambiental, o segundo objetivo de Bolsonaro com seu discurso na Cúpula Climática foi o de conter a pressão contra seu fiel escudeiro, o ministro Ricardo Salles. Bela Megale escreveu n’O Globo sobre auxiliares do presidente avaliarem que o tom moderado de Bolsonaro na última 5a feira ajudou a aliviar a barra de Salles, quem passou os dias que antecederam a cúpula batendo boca nas redes sociais. Não à toa, Malu Gaspar destacou a mobilização de bolsonaristas nas redes sociais para apoiar Salles durante a cúpula – com direito à falta de educação que é característica do grupo.

Enquanto Bolsonaro tenta preservar Salles, o Ministério Público reforçou pedido para que o Tribunal de Contas da União (TCU) o afaste do ministério do meio ambiente. Responsável pelo pedido, o subprocurador-geral, Lucas Rocha Furtado, também requisitou ao colegiado a apuração da viabilidade das promessas feitas por Bolsonaro na Cúpula Climática. Guilherme Amado deu mais informações na Época.

André Borges destacou no Estadão o projeto de decreto legislativo apresentado na última semana pelo senador Fabiano Contarato (ES), que visa suspender as novas regras definidas por Salles para o processo de autuação ambiental. Segundo ele, a instrução normativa divulgada no último dia 12 “desestrutura os sistemas de fiscalização ambiental”, impondo obstáculos burocráticos ao “cumprimento das obrigações constitucionais da União de preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais”. As mudanças nas regras para aplicação de multas motivaram o pedido de demissão do coordenador-geral de proteção do ICMBio, Diego Bezerra Rodrigues. Segundo o Estadão, o servidor questionou internamente diversos pontos da instrução normativa, mas acabou sendo ignorado pelo ministério do meio ambiente.

Em tempo: Alheio às movimentações recentes do Planalto na questão ambiental, o vice-presidente Mourão tenta manter alguma influência política na agenda por meio do Conselho da Amazônia. Ele pretende propor a Bolsonaro a prorrogação da Operação Verde Brasil 2, que se encerra formalmente nesta semana, por mais três meses, com ações concentradas nos municípios com maiores índices de desmatamento. Mourão aproveitou também para dar uma indireta ao seu colega de chapa e ao ministro do meio ambiente: segundo o general, as promessas feitas pelo Brasil e por outros países na Cúpula Climática se resumem a uma “carta de intenções”, minimizando a articulação do próprio governo brasileiro para aplacar a frustração internacional com o Brasil. Folha, O Globo e Valor repercutiram a fala.

 

ClimaInfo, 26 de abril de 2021.

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