O Parque Nacional da Serra do Divisor, na fronteira do Acre com o Peru, é considerado uma das áreas mais biodiversas do mundo. No entanto, o governo Bolsonaro está tirando da gaveta uma proposta polêmica para o prolongamento da BR-364 até o limite peruano, cortando no meio essa área. Fabiano Maisonnave e Lalo de Almeida visitaram a região e mostraram na Folha as preocupações de ambientalistas, indígenas e ribeirinhos com o projeto. O principal temor é que, como em outras rodovias amazônicas, a chegada do asfalto intensifique o processo de desmatamento e invasão de Terras Indígenas e outras áreas protegidas na região da Serra do Divisor. A retomada do projeto foi capitaneada por dois políticos bolsonaristas do Acre – o senador Márcio Bittar e a deputada federal Mara Rocha. Aliás, pela proposta da parlamentar, o Parque Nacional também seria rebaixado para o status de Área de Proteção Ambiental (APA), o nível mais baixo de proteção dentro do sistema nacional de conservação. Essa mudança facilitaria não apenas a construção da rodovia, mas também abriria caminho para a concessão do terreno para a iniciativa privada e a realização de atividades econômicas como mineração e pecuária.
Existe preocupação com o impacto da obra também do outro lado da fronteira. Alexa Vélez, Vanessa Romo e Ítalo García, da Mongabay, destacaram o temor da população da região de Ucayali de que a nova conexão rodoviária sirva para intensificar o tráfico de drogas na região da fronteira, aumentando o risco de violência armada e de conflitos com indígenas e Comunidades Tradicionais. Da mesma forma que no Brasil, o governo peruano retomou interesse na proposta e estuda tirar do papel a conexão entre Cruzeiro do Sul (AC) e a cidade de Pucallpa. A Folha publicou uma tradução da reportagem.
ClimaInfo, 27 de abril de 2021.
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