Retomada pós-pandemia aquece expectativa em torno do mercado de carbono sob o Acordo de Paris

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Falando na cúpula climática na semana passada, a diretora-gerente do FMI, Kristalina Georgieva, reforçou a necessidade do mundo colocar um preço nas emissões e sugeriu a criação de um piso inicial para todos os países. Esse piso iria aumentando gradativamente, sinalizando à economia global que deixar a atmosfera aquecer sai mais caro do que manter o aquecimento global sob controle. O ex-ministro Joaquim Levy destacou, em um seminário recente, que o Brasil tem um tremendo potencial para atrair os investimentos e as finanças climáticas que a precificação das emissões induz. O potencial do país cobre todo o campo de florestas existentes e a restaurar e uma produção industrial apoiada numa matriz elétrica ainda limpa. Levy também reiterou a esperança de que os créditos do Renovabio possam, um dia, ser comercializados em mercados internacionais de carbono. A matéria de Gabriela Ruddy, do Valor, conta mais sobre o evento.

Por falar em mercados de carbono, em outro seminário, este promovido pelo Valor, foi comentada a importância da Conferência do Clima deste ano para destravar as negociações em torno dos dois esquemas de mercado previstos no Acordo de Paris. A ex-ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira assinalou que “devemos olhar para as mudanças climáticas como um ativo e não um passivo”, e que “o país precisa entender como vai competir na transformação digital, na adequação de infraestrutura e na governança: há várias demandas pós-COVID-19 onde as tecnologias terão um grande papel”. No mesmo diapasão, o chileno Gonzalo Muñoz, high level Champion na Ação Climática, lembrou que já “há US$ 73 trilhões do setor privado já comprometidos para a neutralidade em carbono”. Carolina Prolo, Stocche Forbes Advogados, que acompanha de perto as negociações do Acordo desde Paris deu um tom de prudência:  “Veremos na conferência se andaremos ou não na descarbonização do planeta”.

Em tempo: Ontem, nosso novo chanceler Carlos França mostrou seu desconhecimento sobre o tema. Segundo O Antagonista, ele declarou que se a regulamentação do mercado internacional de carbono for aprovada, o Brasil não vai precisar mais do Fundo Amazônia. Pelo jeito, ninguém contou para o chanceler que mercados não competem com iniciativas como o Fundo Amazônia – é possível e desejável obter recursos de ambos. Também não contaram que os controles e governanças dos mercados de carbono são bem mais rigorosos do que os do Fundo, além do fato de que nem ele, nem o ministro Salles terão assento na direção desses mercados. Ao contrário do Fundo.

 

ClimaInfo, 29 de abril de 2021.

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