Aumento do desmatamento amazônico reforça pressão internacional sobre governo Bolsonaro

10 de maio de 2021

O governo Bolsonaro pode preparar suas orelhas, porque estas devem arder mais nas próximas semanas. A alta histórica do desmatamento na Amazônia em abril passado colocou dificuldades adicionais à estratégia do Planalto de reverter o mau humor internacional com a política ambiental brasileira.

Nas últimas semanas, países como Portugal e Espanha vinham pressionando a Comissão Europeia para acelerar a tramitação do acordo comercial entre Mercosul e União Europeia, travado por causa da incerteza de diversos governos europeus sobre o impacto do tratado na conservação da Amazônia brasileira. Os novos dados do desmatamento certamente não ajudarão a dirimir essa desconfiança.

Como explicou à CNN Brasil a ministra do exterior da Espanha, Arancha González Laya, a sociedade civil europeia está atenta à situação ambiental no Brasil, o que explica a movimentação recente de empresas e investidores para cobrar ações de conservação florestal por parte do governo brasileiro.

Também na Europa, o governo da Noruega segue atento à situação da Amazônia. De acordo com o G1, o embaixador norueguês no Brasil, Nils Martin Gunneng, voltou a sinalizar que Oslo está interessada em “recomeçar” a parceria com Brasília para a proteção da floresta, mas somente se houver “vontade política” da parte do governo brasileiro. A Noruega era a principal doadora do Fundo Amazônia, travado desde 2019 por desavenças com o Brasil acerca de sua governança.

Bolsonaro também deverá encontrar mais dificuldades no diálogo com os EUA. No site POLITICO, Zack Colman e Michael Grunwald fizeram um panorama das conversas entre os dois países, que se desenrolam há alguns meses, sem uma conclusão potencial à vista. Inicialmente, a esperança da Casa Branca era chegar a um acordo com o Brasil sobre a proteção da Amazônia antes da Cúpula Climática, o que não aconteceu. O principal nó a ser desatado está na dinâmica a ser adotada na cooperação entre os dois países: enquanto os brasileiros querem receber recursos financeiros sem se amarrar a metas e resultados específicos, os norte-americanos entendem que isso é condição básica para qualquer acordo.

O diagnóstico de dificuldades também foi ressaltado pelo cineasta Fernando Meirelles, o cientista Paulo Artaxo e a ativista Paloma Costa em live realizada pelo Valor na 5a feira (6/5). Para eles, a pressão internacional seguirá crescendo sobre o Brasil, especialmente se o governo mantiver uma conduta irresponsável com a floresta, facilitando sua destruição às custas do clima global. Isso significa que, para o Brasil, a questão climática se tornará um dos pontos mais importantes em sua política externa.

 

ClimaInfo, 10 de maio de 2021.

Se você gostou dessa nota, clique aqui para receber em seu e-mail o boletim diário completo do ClimaInfo.

Continue lendo

Assine nossa newsletter

Fique por dentro dos muitos assuntos relacionados às mudanças climáticas

Em foco

Aprenda mais sobre

Glossário

Este Glossário Climático foi elaborado para “traduzir” os principais jargões, siglas e termos científicos envolvendo a ciência climática e as questões correlacionadas com as mudanças do clima. O PDF está disponível para download aqui,
1 Aulas — 1h Total
Iniciar