Levantamento mostra aumento de imóveis rurais irregulares registrados no CAR

17 de maio de 2021

Mesmo antes da aprovação do novo PL que dinamita o sistema de licenciamento ambiental no Brasil, os grileiros já estão fazendo a festa na Amazônia. Segundo um levantamento feito pelo Instituto Socioambiental (ISA), apenas nos últimos dois anos, sob o governo Bolsonaro, o número de imóveis rurais irregulares registrados no Cadastro Ambiental Rural (CAR) cresceu 56%. Não coincidentemente, essas áreas também testemunharam neste período uma explosão do desmatamento: nos terrenos registrados no CAR dentro de Terras Indígenas e Unidades de Conservação, a destruição florestal cresceu 63% entre 2018 e 2020. Nas florestas públicas não destinadas, por sua vez, o aumento da área com sobreposição de registros do CAR foi de 29% em relação a 2018. Ao mesmo tempo, o desmatamento nessas áreas quase que duplicou, com um aumento de 98% (de 185 mil hectares para 367 mil).

Esses dados mostram como os grileiros estão deturpando o CAR para reivindicar áreas ocupadas ilegalmente em processos de regularização fundiária. Com as repetidas promessas do governo Bolsonaro para facilitar a vida desses criminosos, as áreas de proteção e de floresta não destinada se tornaram ainda mais vulneráveis à grilagem. “Está mais fácil invadir terras públicas e isso aqueceu o mercado de terras, aumentando a especulação fundiária e tornando a grilagem ainda mais rentável”, explicou Antonio Oviedo, um dos pesquisadores do ISA envolvidos nesta análise.

O levantamento também documentou casos de destaque na Amazônia, como o de um grileiro em Altamira (PA) que registrou um imóvel rural com sobreposição de 98,2% a uma floresta pública não destinada. Cerca de 50% dessa área foi desmatada em maio de 2020, superando o limite estabelecido pelo Código Florestal. Outro caso é o de um imóvel rural ilegal em Novo Progresso (PA), região que se tornou famosa em 2019 ao promover o chamado “Dia do Fogo” no auge das queimadas amazônicas naquele ano.

G1 e O Globo repercutiram as conclusões do estudo.

 

ClimaInfo, 18 de maio de 2021.

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