Com desmatamento em alta e Salles encrencado, ministros europeus discutem futuro de acordo Mercosul-UE

Salles investigado acordo Mercosul-UE

Ministros da União Europeia se reuniram ontem (20/5) para debater os rumos do acordo comercial firmado pelo bloco com o Mercosul, o qual enfrenta dificuldades políticas em diversas capitais do continente europeu por conta de seu impacto potencial sobre o meio ambiente na América do Sul. A notícia não é boa para o governo: mesmo com a articulação recente de Portugal e Espanha para destravar a aprovação do acordo na UE, os países europeus concluíram que ainda “não há condições” para que o documento avance. A Exame deu mais detalhes.

Como explicou Ana Estela de Sousa Pinto, na Folha, a Comissão Europeia estuda diferentes possibilidades para permitir a aprovação do acordo. Uma delas é o “fatiamento” do texto em dois pedaços – um tratado comercial e uma declaração política; essa saída permitiria que o acordo não necessite da aprovação dos parlamentos nacionais. Outra solução é a inclusão de um “instrumento adicional”, que reforçaria os compromissos sociais e ambientais atrelados ao acordo comercial por parte da UE e do Mercosul.

Enquanto os ministros europeus discutiam os caminhos para o acordo Mercosul-UE, manifestantes realizaram um protesto em Bruxelas pedindo seu cancelamento. Para os ativistas, o acordo comercial é incompatível com os compromissos ambientais e climáticos da UE e precisa ser totalmente renegociado. A EFE repercutiu o protesto.

Também sobre o acordo Mercosul-UE, o pesquisador brasileiro Carlos Rittl, do Instituto de Estudos Avançados em Sustentabilidade de Potsdam (Alemanha), especulou na BBC Brasil que as investigações criminais contra Ricardo Salles podem representar mais um obstáculo para a aprovação do acordo na Europa. “O impacto disso é enorme. Inclusive, acho que as conversas com o Brasil no sentido de fechar novos acordos serão suspensas ou, no mínimo, colocadas banho-maria sem prazo para terminar”, disse Rittl.

Em tempo: Na França, o ministro do comércio exterior, Franck Riester, deu uma “bola fora”, no jargão esportivo, ao comentar sobre as preocupações internacionais com a proteção da Amazônia e os efeitos do acordo comercial Mercosul-UE. Segundo Jamil Chade no UOL, Riester disse que a Floresta Amazônica “não pertence apenas aos brasileiros, mas à humanidade”. Esse tipo de afirmação cai como uma luva para Bolsonaro, que adora se esconder de críticas internacionais por trás de argumentos nacionalistas vazios. O ministro também garantiu durante audiência no Senado francês que o tratado não será assinado pelo governo Macron.

 

ClimaInfo, 21 de maio de 2021.

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