MPF sugere conivência do governo com garimpeiros, após retirada do Exército de área indígena atacada

MPF proteção Terras Mundurukus

O Ministério Público Federal (MPF) reclamou ao STF que o governo Bolsonaro retirou sem justificativa o apoio das Forças Armadas e da Força Nacional de Segurança Pública na Terra Indígena Munduruku, no Pará, mesmo depois de ser alertado sobre o risco às segurança e integridade dos indígenas.

Para o MPF, a “interrupção abrupta das operações expõem os indígenas à violência e culmina em eventos extremos”, como os ataques recentes às casas de lideranças Mundurukus em Jacareacanga, e reforça a percepção de que o governo federal é “conivente com os garimpeiros”. O Valor deu mais detalhes.

A informação foi confirmada pela Polícia Federal. Em ofício apresentado ao STF, a PF disse que o Exército prestaria apoio a uma operação contra o garimpo ilegal na TI Munduruku no final de maio, mas recuou dois dias antes do começo da ação, sob a justificativa de falta de verba. Sem o apoio do Exército, a PF e policiais militares do PA foram cercados por garimpeiros armados, que atacaram a base de operações do grupo e bloquearam vias públicas em Jacareacanga. Segundo Rubens Valente no UOL, o Exército proveria apoio logístico, além de helicópteros tipo Black Hawk para transporte de tropas e mantimentos.

Ainda sobre a questão da insegurança dos indígenas brasileiros, cada vez mais ameaçados pelo garimpo ilegal, Thays Martins fez uma reportagem no Correio Braziliense destacando o aumento no número de casos de conflito violento entre criminosos e indígenas na Amazônia nos últimos anos.

Em tempo: O presidente da Funai, Marcelo Xavier, acionou a Polícia Federal em maio passado para investigar lideranças indígenas e nove servidores da própria Fundação sob a acusação de que eles estariam atuando para impor “diversas barreiras e entraves à aprovação” do projeto da rede de alta tensão entre Manaus (AM) e Boa Vista (RR), o chamado Linhão de Tucuruí. A obra está em fase de licenciamento ambiental e vem sendo tema de conversas entre a FUNAI e comunidades na Terra Indígena Waimiri Atroari. Os indígenas não são contrários à obra, mas pedem ao governo federal que medidas sejam tomadas para reduzir os impactos da obra em suas terras. Mesmo dentro do próprio governo, a decisão de Xavier não foi bem recebida, já que ela abriria espaço para mais atrasos na obra, tida como crucial para incluir Roraima na rede nacional de distribuição de energia elétrica. Estadão e UOL deram mais informações.

 

ClimaInfo, 7 de junho de 2021.

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