Depois de veredito, Shell confirma ampliação de metas e antecipação de ações para reduzir emissões

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O presidente-executivo da Shell, Ben van Beurden, prometeu ontem (9/6) que os esforços da empresa para reduzir suas emissões de carbono serão acelerados ao longo da próxima década. A promessa foi feita poucas semanas após a petroleira ser condenada pela justiça dos Países Baixos a intensificar a transição de seus negócios para o carbono zero, de maneira a viabilizar um corte de 45% das emissões dela até o final de 2030 em comparação com os níveis de 2019.

Em um texto publicado no LinkedIn, van Beurden se disse “surpreso” e “desapontado” com a decisão judicial, mas afirmou que a empresa pretende “estar à altura do desafio” imposto pela justiça neerlandesa. “Agora buscaremos maneiras de reduzir ainda mais as emissões de uma forma que permaneça intencional e lucrativa. Isso provavelmente significará dar alguns passos ousados, mas comedidos, nos próximos anos”, escreveu. BBC, Financial Times, Guardian, NY Times, Reuters e Wall Street Journal destacaram a manifestação do chefe da Shell.

Enquanto isso, a derrota judicial da Shell e a “revolta verde” promovida por acionistas-ativistas na ExxonMobil seguem levantando reflexões sobre o futuro da indústria fóssil no contexto da crise climática. O NY Times destacou que o sucesso dos ativistas na Exxon abriu os olhos de Wall Street para o crescimento e a proliferação desse tipo de investidor, que pode ganhar espaço em outros setores produtivos, com outras agendas socioambientais além da questão climática. Para o setor de petróleo e gás, essa realidade já é mais palpável e deve se repetir em outras empresas nos próximos anos.

Para o Wall Street Journal, até mesmo as empresas privadas de menor porte, que poderiam se beneficiar do momento tumultuado de suas concorrentes mastodônticas, deverão enfrentar problemas para ocupar o espaço vago no mercado. Por outro lado, a chegada dos acionistas-ativistas nas gigantes da energia fóssil sozinha pode não ser suficiente para causar as mudanças desejadas e necessárias nessa indústria como um todo. Como a Bloomberg colocou, as empresas públicas de petróleo e gás seguem ilesas do escrutínio dos investidores, o que pode permitir a elas que ocupem o espaço deixado pelas concorrentes privadas e sigam produzindo e vendendo combustíveis fósseis como se fosse business as usual.

 

ClimaInfo, 10 de junho de 2021.

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