“Decepcionante”: G7 promete muito e entrega pouco contra mudança do clima

G7 decepcionou

Com uma “ressaca climática” daquelas, a cúpula do G7 deste ano conseguiu irritar até mesmo aqueles que estavam moderadamente otimistas sobre os resultados potenciais do encontro. Como a Bloomberg pontuou, o balanço dos compromissos e ações anunciados no Reino Unido no último domingo “não é um bom presságio para as negociações climáticas do final do ano”.

Além de reciclar a eterna promessa dos países ricos de aplicar US$ 100 bilhões anuais para ação climática no mundo em desenvolvimento, o G7 não conseguiu chegar a um acordo mais imediato sobre o abandono do carvão: o máximo possível foi um pacto para proibir o financiamento a novos projetos internacionais de geração térmica a carvão a partir do final de 2021. POLITICO e Reuters abordaram a decisão do G7 sobre o carvão.

“Embora os líderes reunidos na Cornualha tenham demonstrado ambição, a cúpula deixou para trás grandes questões sobre a capacidade do G7 entregar aquilo que prometeu”, escreveu Gideon Rachman no Financial Times. No i-news, o tom da parlamentar britânica Caroline Lucas foi mais duro. “Para que o G7 permaneça relevante (e há muitas vozes dizendo que não é), ele precisa mostrar liderança nos principais desafios que nosso mundo enfrenta – mais urgentemente, a distribuição global de vacinas e uma estratégia para se enfrentar a emergência climática nas velocidade e escala que a ciência exige. Em ambos, ficou aquém”.

A União Europeia aproveitou o G7 para conversar com os EUA de Joe Biden e o Reino Unido de Boris Johnson sobre a taxação de carbono na importação de produtos com altas emissões de carbono. A proposta é vista pela UE como central para que o bloco consiga cumprir seus compromissos climáticos, ao mesmo tempo em que incentiva outros países a elevar a ambição de suas metas climáticas nacionais. Por ora, norte-americanos e britânicos (e, fora do G7, os chineses) seguem desconfiados, temendo que a taxa se transforme em uma barreira tarifária que prejudique o comércio internacional.

Na declaração final, o G7 reconheceu a preocupação sobre o “vazamento” de carbono e afirmou que pretende trabalhar “de forma colaborativa para lidar com esse risco e alinhar [suas] práticas comerciais com nossos compromissos sob o Acordo de Paris”. POLITICO e Reuters também destacaram a “dança” diplomática dos europeus em favor da taxa de carbono.

 

ClimaInfo, 15 de junho de 2021.

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