Há quem diga que mercados de carbono, como os previstos no Acordo de Paris, não ajudarão muito a conter o aquecimento global se não vierem acompanhados de um mecanismo que garanta o aumento contínuo da ambição climática. Mais do que as contribuições determinadas por cada país, é fundamental que o total das emissões caia rapidamente.
No mundo do Acordo de Paris isso é conhecido pela sigla OMGE (mitigação geral das emissões globais) e deve entrar no livro de regras do Acordo a ser concluído na COP26 que acontece no final do ano em Glasgow.
Em 2018, o think-tank New Climate publicou um bom trabalho sobre como operacionalizar a OMGE associada aos mercados de carbono do Acordo de Paris. Agora, como preparação para a Convenção, o New Climate lança outro trabalho, desta vez em conjunto com a Climate Analytics e o Instituto Öko, sobre as opções de operacionalização que estão na mesa de negociação. Junto, discutem caminhos e barreiras para a transição dos mecanismos do Protocolo de Quioto para os de Paris. Leitura técnica, mas essencial para quem quer entender mais sobre o papel dos mercados internacionais de carbono. O relatório pode ser baixado aqui.
A aviação e a navegação internacionais respondem por quase 10% das emissões globais e, aos poucos, vão assumindo metas de redução. Ambas têm sido pródigas em empurrar metas e compromissos para frente. A aviação, por exemplo, leva em conta as emissões da queima de combustíveis fósseis, mas não aceita incluir o rastro de condensação formado de vapor d’água, óxidos de nitrogênio e fuligem que, segundo a ciência, triplicam o impacto sobre o aquecimento global. A Europa é quem está mais avançada na limitação das emissões da aviação. Mesmo assim, a atividade tem encontrado brechas e benesses que permitem continuar quase como se não houvesse mudança climática, indo desde a gratuidade de quase todas as permissões de emissão de que precisa até subsídios a voos para aeroportos regionais e isenções de impostos sobre combustíveis.
Um trabalho da Carbon Market Watch identifica as brechas e oferece sugestões de como o mercado de carbono europeu deveria fechá-las. Colocar um preço sobre as emissões da aviação tem o objetivo de fazer a passagem custar mais e reduzir o número de voos.
