Problemas judiciais de Salles e explosão do desmatamento travam negociações com EUA

Eua Brasil negociações diplomacia

Depois de meses de conversas nos bastidores, os canais de diálogo entre o Palácio do Planalto e a Casa Branca estão silenciosos. Na Folha, Ricardo Della Coletta informa que as negociações bilaterais em torno de um acordo para financiar a conservação da Amazônia brasileira estão congeladas desde o mês passado, desde que Ricardo Salles virou alvo da Operação Akuanduba, que investiga um esquema de contrabando de madeira ilegal com envolvimento do comando do ministério do meio ambiente e do IBAMA.

A última reunião técnica entre os dois países aconteceu no começo de maio. Para o lado brasileiro, a falta de iniciativa dos EUA nas conversas ambientais é um péssimo sinal que pode respingar em outras agendas bilaterais estratégicas, como a comercial.

O diálogo mais recente entre os dois países aconteceu na semana passada, com um encontro virtual entre o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, e o chanceler Carlos França. Em nota curta, o governo dos EUA disse que as metas brasileiras de redução das emissões de carbono e do desmatamento foram abordadas na reunião, junto com a doação de vacinas contra COVID-19. No Twitter, o Itamaraty citou de maneira genérica “a promoção do desenvolvimento sustentável” como um dos temas da conversa entre os dois diplomatas. O Estadão deu mais detalhes sobre o encontro.

Distante destas conversas, o vice-presidente-general Mourão confirmou que a nova operação de garantia da lei e da ordem (GLO) para combater o desmatamento e as queimadas na Amazônia deve ser iniciada na próxima semana, no dia 28. O decreto da GLO ainda está sendo redigido, mas Mourão confirmou que o contingente militar e o orçamento da missão serão menores que os da Operação Verde Brasil 2, encerrada em abril passado. A Folha repercutiu a notícia.

Em tempo: Duas produções cinematográficas brasileiras que abordam a situação da Amazônia e dos Povos Indígenas foram premiadas na semana passada. O documentário “Amazônia, Sociedade Anônima”, de Estevão Ciavatta, ganhou o One World Media Award na categoria “impacto ambiental”. O filme mostra a luta de comunidades Mundurukus e ribeirinhas contra a ação de grileiros no sudeste do Pará. Já o documentário “A última floresta”, de Luiz Bolognesi, levou o troféu do público da mostra Panorama, parte da sessão extraordinária de verão do Festival de Cinema de Berlim (Berlinale). Escrito por Bolognesi em parceria com o xamã Davi Kopenawa, a obra aborda os esforços dos Yanomamis contra garimpeiros no norte da Amazônia.

 

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ClimaInfo, 21 de junho de 2021.

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