A mudança do clima está alterando o regime de chuvas na Amazônia

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Um refinamento aplicado aos modelos climáticos mais aceitos indica uma redução na estabilidade climática na bacia Amazônica, aumentando, assim, a vulnerabilidade da região. Esses modelos buscam simular os fluxos de água na atmosfera, ora precipitando, ora sendo liberada pela evapotranspiração, a combinação da evaporação das superfícies úmidas com a transpiração da vegetação.

Existiam divergências entre os resultados de muitos modelos recentes com as medições de campo. Um grupo internacional de pesquisadores, o qual contou com a participação do INPE, publicou um trabalho na Environmental Research Letters com o resultado da calibração da modelagem da evapotranspiração. Há um sinal robusto de redução de umidade na parte leste da Amazônia durante a estação seca, enquanto há um aumento de chuvas na parte noroeste. A Galileu comentou o trabalho.

Enquanto a La Niña provocou cheias recordes no noroeste da Amazônia, toda a região ao sul do Rio Amazonas sofreu com a estiagem. A CNN trouxe a preocupação de cientistas com o aumento do potencial de incêndios devido à existência de muitas árvores derrubadas para queimar. O ano já havia começado com uma quantidade maior de madeira no chão, resultado das fiscalizações feitas pelo Exército no ano passado. A esta quantidade, se somam a resultante do aumento do desmatamento deste ano, todo este material disponível na estação seca reforçada pela La Niña.

Douglas Morton, cientista da NASA, comentou que “a condição de seca generalizada em 2021 é um sinal preocupante de que o risco extremo de incêndio pode afetar grande parte da América do Sul, pressionando os recursos de combate a incêndios e ameaçando os ecossistemas, a infraestrutura e a saúde pública”.

Em tempo: Na região que inclui o Sahel e a faixa norte da África tropical, a estação das chuvas está começando cada vez mais tarde, segundo um trabalho que acaba de sair na Nature. Pesquisadores estudaram os padrões de chuva na região entre 1979 e 2019 e estimam um atraso médio de mais de 4 dias. Pode parecer pouco, mas isto corresponde a uma redução de 5% em uma estação das chuvas concentrada nos meses de julho e agosto. O trabalho atribui o atraso ao aumento da concentração de gases de efeito estufa somado ao decréscimo da concentração de aerossóis, condição que retém a umidade na atmosfera, ao invés de condensar e precipitar na forma de chuva. O atraso tende a aumentar, posto que a concentração dos gases segue crescendo e o dos aerossóis segue diminuindo na região.

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ClimaInfo, 24 de junho de 2021.

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