“Mudanças” no meio ambiente: novo ministro, mesma política

25 de junho de 2021

Rei morto, rei posto. O novo ministro do meio ambiente, Joaquim Álvaro Pereira Leite, tomou posse nesta 5ª feira (24/6) em um evento virtual sem pompa e circunstância. Isso reflete talvez a única mudança efetiva que podemos esperar da gestão Salles para a de Pereira Leite: sai o ministro espalhafatoso, sedento pelos holofotes, e entra o ministro mais discreto e pragmático.

“Juca”, como é chamado por auxiliares e pessoas próximas, foi parte importante da política de Salles no ministério do meio ambiente e, como o ex-ministro, possui conexões íntimas e históricas com o agronegócio. Deutsche Welle, Folha e Valor fizeram um perfil do novo ministro, destacando a “sintonia” que ele manterá entre o MMA e o ministério da agricultura.

Entre grupos ambientalistas e do setor privado, a mudança de ministro também não foi recebida como indício de alterações na política ambiental de Bolsonaro. “No fundo, não adianta só trocar o garçom. Temos um presidente que não tem uma diretriz para o tema”, comentou um empresário ao Valor.

N’O Globo, a ex-ministra Marina Silva foi na mesma linha: “Salles era apenas um operador escalado para fazer acabar com a governança ambiental, mas o mandante tem nome e sobrenome – Jair Messias Bolsonaro”. A BBC também repercutiu a reação de organizações da sociedade civil, que apontaram para o histórico do novo ministro com o agronegócio.

Ao menos em Brasília a mudança foi bem recebida. Segundo Bela Megale n’O Globo, a ala militar do governo comemorou a saída do desafeto Salles, chamado de “incompetente” por integrantes das Forças Armadas com cargos no Planalto. O vice-presidente Hamilton Mourão, também demonstrou confiança em retomar a “cooperação” do Conselho da Amazônia, chefiado por ele e o MMA. Salles e Mourão protagonizaram no último ano um “cabo-de-guerra” pela primazia em assuntos relativos ao meio ambiente e à Amazônia. O G1 destacou a fala de Mourão sobre a mudança ministerial.

Em tempo: A BBC Brasil revelou que a família do ministro Pereira Leite pleiteia há décadas na Justiça um pedaço da Terra Indígena Jaraguá, em São Paulo. A reserva é a menor do Brasil, com 532 hectares, entre os municípios de São Paulo e Osasco. Um documento da Funai informa que capatazes a serviço da família chegaram a destruir a casa de uma família indígena ao tentar expulsá-la da área em questão. Pereira Leite se defendeu, dizendo que a disputa acontece no âmbito do espólio da família e que ele “nunca teve atuação direta ou indireta no assunto”. O Metrópoles também destacou essa notícia

 

Leia mais sobre Joaquim Álvaro Pereira Leite e desmonte ambiental no ClimaInfo aqui.

 

ClimaInfo, 25 de junho de 2021.

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