“Caiu a ficha do setor elétrico sobre aquecimento global”, conclui diretor da ONS

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Há duas décadas, o Brasil passou aperto por conta de uma estiagem que secou os reservatórios das hidrelétricas e colocou o país sob racionamento de eletricidade.

Há pouco mais de cinco anos, a maior metrópole brasileira, São Paulo, passou por uma grave crise hídrica que comprometeu o abastecimento de água para mais de 20 milhões de pessoas. Nos últimos anos, episódios parecidos se repetiram em cidades como Brasília e Curitiba. Ou seja, não foi por falta de aviso que o Brasil se encontra mais uma vez em uma crise hídrica e elétrica.

No entanto, para o diretor do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Luiz Carlos Ciocchi, a “ficha caiu” apenas agora no setor elétrico brasileiro sobre os impactos da mudança do clima.

Em entrevista a O Globo, Ciocchi afirmou que o setor não pode mais ignorar a necessidade de adaptar seu sistema e diversificar as fontes de geração, dando mais espaço à inclusão da energia eólica e solar na matriz elétrica. “Para o setor elétrico caiu a ficha de que a gente deve considerar aquecimento global e mudanças climáticas dentro das nossas avaliações de análises”, reconheceu.

Bem, antes tarde do que nunca.

Em tempo 1: No Valor, Daniel Rittner e Isadora Peron destacaram como garimpeiros estão conseguindo driblar a fiscalização da Polícia Federal e ameaçando as estruturas da linha de transmissão Xingu-Estreito, uma das principais do Brasil, que escoa a energia produzida pela usina de Belo Monte para o Sudeste. O problema se concentra na região da Marabá (PA), onde os garimpeiros invadiram a “faixa de servidão” do projeto; a exploração mineral nessas áreas pode comprometer a estabilidade estrutural das torres de transmissão, causando risco de colapso.

Em tempo 2: E um estudo recém-publicado na revista Science Advances mostrou que a polêmica hidrelétrica Belo Monte aumentou as emissões de gases de efeito estufa da região da Grande Volta do rio Xingu em cerca de três vezes. Segundo os autores, o aumento das emissões é, em grande parte, resultado da decomposição de matéria orgânica em áreas inundadas. Como a Folha destacou, a conclusão é importante, porque reforça as diferenças de emissões em áreas afetadas por hidrelétricas em florestas tropicais – as áreas marginais de inundação, por exemplo, podem ser responsáveis por cerca de 45% das emissões de carbono desses empreendimentos.

 

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ClimaInfo, 28 de junho de 2021.

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