Crise elétrica: recém-reajustada, tarifa pode sofrer nova alta

crise elétrica

Um sistema elétrico mais diversificado, privilegiando as fontes renováveis e recuperando a saúde das bacias dos grandes rios, seria bem mais resiliente do que este atual em crise. Alexandre Mansur, na Exame conversou com Ricardo Baitelo, do IEMA, que aponta para outro ganho importante se esta rota tivesse sido adotada tempos atrás: a transição para uma matriz energética limpa estaria bem adiantada. No entanto, o governo e o Congresso querem exatamente o contrário: mais térmicas a gás ao invés de eólicas e solares. Esta semana, a conta de luz ficou mais cara com o reajuste de 52% na bandeira vermelha e O Globo e a CNN avisam que devemos esperar mais aumentos em breve – talvez uma nova bandeira ou a vermelha passando de R$9,49 para algo entre R$11,50 e R$12,00 e seu consequente impacto na inflação. Segundo matéria do Correio Braziliense, o IPCA pode subir 0,3 pontos percentuais e a da BBC diz que será um pouco menor: 0,23 pontos. A inflação no ano passado foi de 4,52%. Ela passaria para 4,82% nas contas do CB.

O impacto das térmicas a gás na tarifa foi levantado quando da recente discussão dos jabutis enfiados na lei sobre a privatização da Eletrobras. O ministro Bento, gente do seu ministério e do da economia vieram a público dizer que a tarifa baixará com a privatização. Segundo a MegaWhat, o ministro disse que não houve contestações às contas do ministério, mostrando a razão de fazer parte de um governo negacionista. Além de organizações da sociedade civil, setores patronais e especialistas no setor elétrico repetiram a rodo o tamanho do rombo que os jabutis e as regras da privatização causariam. O Estadão traz uma matéria dizendo que consumidores industriais estão migrando para o mercado livre, fugindo da tarifa e, provavelmente, do controle do governo. Segundo o Valor, o ministro também disse que os leilões de linhas de transmissão aliviarão a crise, sem se dar conta que uma linha a ser construída no Acre terá um impacto ínfimo e, muito provavelmente, estará concluída bem depois do final da crise hídrica a milhares de km ao sul. Mesmo o leilão de linhas no Sudeste, se concluído a tempo, seria como aumentar o tamanho do encanamento para escoar a pouca água das represas.

Interessante o recado, no Estadão, de Mário Veiga, da PSR, de que crises hídricas estão no cardápio dos impactos da mudança do clima e, assim, o planejamento do setor já devia tê-los incluído nos seus estudos.

Em tempo: A IEA (Agência Internacional de Energia) defende hidrelétricas para reduzir as emissões do setor elétrico mundial. Seu diretor executivo, Fatih Birol, disse que “a energia hidrelétrica é o gigante esquecido da eletricidade limpa” e que as usinas “têm sido consideradas essenciais para o desenvolvimento econômico regional e as políticas de irrigação em muitos países em desenvolvimento.” Birol não deve ter acompanhado os impactos aqui de Belo Monte e das usinas do Madeira, nem das controvérsias dos aproveitamentos na bacia do Mekong, no sudeste asiático. O trabalho foi comentado na Poder360 e na Reuters.

 

Leia mais sobre crise elétrica e tarifa de eletricidade no ClimaInfo aqui.

 

ClimaInfo, de julho de 2021.

Se você gostou dessa nota, clique aqui para receber em seu e-mail o boletim diário completo do ClimaInfo.