BR-163, a rodovia do desmatamento na Amazônia

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Renato Grandelle destacou n’O Globo dados levantados pelo Greenpeace Brasil e pela Rede Xingu+ que mostram o avanço do desmatamento no entorno da rodovia BR-163: em um ano, ele saltou de 591 hectares em 2019 para 2.717 em 2020, um aumento de quase 360%. No caminho do desmate, Unidades de Conservação e Terras Indígenas estão cada vez mais ameaçadas pela atividade ilegal de garimpeiros e outros invasores, especialmente no trecho paraense da rodovia.

A BR-163 é um dos principais canais de escoamento da produção de soja do Mato Grosso, que é transportada para o complexo portuário de Miritituba, em Itaituba (PA). A estrada corta um dos corredores ecológicos mais importantes da Amazônia, ao longo da bacia do rio Xingu, com 26 milhões de hectares de floresta sob proteção legal. O governo federal tem interesse em conceder exatamente esse trecho da BR-163 no Pará para a iniciativa privada. O leilão estava programado para esta semana, mas a Justiça Federal determinou a suspensão do processo, a pedido do Ministério Público Federal (MPF). Segundo os procuradores, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) e a FUNAI teriam descumprido decisão judicial que previa a aprovação de um plano básico para mitigar impactos socioambientais da obra sobre os povos Panará e Kayapó-Mekragnoti.

Em tempo: Um estudo do Imaflora revelou que o ipê, uma das espécies amazônicas de madeira mais valiosa, vem sendo explorada de forma desordenada nos últimos anos, em áreas cada vez mais centrais da floresta. O volume de toras extraídas dessa espécie mais do que duplicou entre 2007 e 2019 (de 230 mil m3 para quase 500 mil m3). Cerca de 80% da produção se concentrou em 20 polos — em especial, nos municípios de Colniza (MT), Juruti (PA), Santarém (PA), Aripuanã (MT) e Prainha (PA). Míriam Leitão destacou esses dados n’O Globo. O Globo Rural também repercutiu o estudo.

 

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ClimaInfo, 2 de julho de 2021.

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