Novas metas, taxa de carbono, fim dos carros a combustão: os planos da UE para chegar ao carbono zero

14 de julho de 2021

A União Europeia apresentou nesta 4ª feira (14/7) seus planos para acelerar a descarbonização da economia do bloco nas próximas décadas, com medidas que preveem, entre outras, o aumento na geração energética por fontes eólica e solar; o fim da fabricação de automóveis movidos a combustão a partir de 2035; a imposição de uma tarifa de carbono para produtos importados; e a inclusão de novos setores no sistema de comércio de emissões do bloco.

Batizado de “Fit for 55”, o plano pretende viabilizar a meta de redução de 55% das emissões de gases de efeito estufa da UE até 2030 em relação aos níveis de 1990, além de facilitar a neutralidade do carbono até 2050.

As propostas foram apresentadas pela chefe da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e precisam ser aprovadas pelo Parlamento Europeu e pelo Conselho Europeu para adoção efetiva. A tramitação do pacote não deve ser tranquila, já que persistem desentendimentos sobre algumas dessas medidas – em especial, o chamado mecanismo de ajuste de fronteira de carbono (CBAM), que visa taxar importações com base na pegada de carbono do produto nos países de origem. Parceiros como China, Estados Unidos e Rússia já demonstraram incômodo com a ideia, ressaltando que isto poderia contrariar as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC).

Da mesma forma, a inclusão de novos setores no sistema europeu de comércio de emissões (EU ETS) também está causando desavenças. Pela proposta, os setores de transporte (rodoviário, marítimo, ferroviário e aéreo) passarão a ter suas emissões reguladas a partir de licenças de emissão comercializadas no mercado. A construção civil e as edificações também seriam incorporadas ao esquema, o que desagrada governos importantes dentro da UE, como o da França.

O plano europeu também prevê medidas como a absorção anual de 310 milhões de toneladas de CO2 por florestas e pastagens, a ampliação da geração de energia renovável para 40% de sua matriz e a redução do consumo de energia em 9%.

Folha e Valor deram mais detalhes sobre o plano climático europeu. No exterior, veículos como Associated Press, BBC, Bloomberg, Financial Times, Guardian, NY Times, Reuters e Wall Street Journal também repercutiram essa notícia. A Reuters sintetizou a reação dos governos europeus e de setores da sociedade civil e da indústria.

O Brasil pode ser afetado pela proposta da taxa de carbono de fronteira. Como observou Assis Moreira, no Valor, as exportações de aço e ferro são as mais vulneráveis do país. Em 2019, o Brasil vendeu mais de US$ 524 milhões desses produtos para os países da UE, o que representou mais de 10% das vendas dessas mercadorias. Em casos específicos, como aços laminados planos, de ferro ou aço não ligados com determinada largura, as vendas para a Europa representaram mais de 90% das exportações brasileiras.

 

Leia mais sobre União Europeia agenda climática no ClimaInfo aqui.

 

ClimaInfo, 15 de julho de 2021.

Se você gostou dessa nota, clique aqui para receber em seu e-mail o boletim diário completo do ClimaInfo.

Continue lendo

Assine Nossa Newsletter

Fique por dentro dos muitos assuntos relacionados às mudanças climáticas

Em foco

Aprenda mais sobre

Glossário

Este Glossário Climático foi elaborado para “traduzir” os principais jargões, siglas e termos científicos envolvendo a ciência climática e as questões correlacionadas com as mudanças do clima. O PDF está disponível para download aqui,
1 Aulas — 1h Total
Iniciar