Crise elétrica: amarrando o futuro a mais emissões

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Narrativa que corre solta nos corredores de Brasília afirma que o gás natural é a solução para a atual crise hídrica. É uma narrativa perversa que, ignorando a crise climática, leva o país a um abraço de afogado com mais emissões de CO2 pelas próximas décadas.

Têm sido fácil ler artigos e ouvir discursos em defesa de térmicas a gás operando na base, jargão do setor para usinas que operam o tempo todo, apesar dos aumentos que isto traz para as tarifas atual e futura.

Uma matéria no Estadão deste domingo promove mais térmicas em Macaé, no estado do Rio de Janeiro. Um artigo no UOL fala do interesse de grandes petroleiras na geração a gás no país. E uma terceira matéria, no Valor, tenta explicar que o custo das térmicas é alto agora porque não rodam na tal base.

Os argumentos aproveitam o momento de falta de chuvas para contribuir para um futuro com ainda menos chuvas e de maior dependência de combustíveis fósseis. Isto apesar dos preços da eletricidade eólica e solar seguirem caindo.

O governo faz sua parte não explicitando a gravidade da crise e não informando o risco de cortes no fornecimento de eletricidade e água. Deixa, assim, consumidores de todos os tamanhos e setores econômicos a especularem sobre racionamentos e apagões. José Casado, na Veja, Elio Gaspari, na Folha, e Carlos Marques, na Isto É, criticam a postura negacionista e passiva do governo. Anne Warth e Marlla Sabino, no Estadão, trazem a preocupação das distribuidoras com um possível racionamento, mesmo que velado.

O Estadão e o Correio Braziliense trazem artigos sobre a possibilidade de modernização das hidrelétricas construídas há meio século de modo a que se possa gerar nelas mais energia. O Valor fala do potencial de expansão das eólicas.

O que é certo é que a tarifa aumentou e continuará alta por mais tempo conforme matérias da CNN Brasil e do Valor.

 

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ClimaInfo, 2 de agosto de 2021.

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