Governo lança programa de redução voluntária de consumo para grandes clientes

crise setor elétrico

O governo deu mais um passo para afastar a crise elétrica da crise hídrica ao lançar um plano de redução voluntária de consumo onde o consumidor recebe pela energia que prometeu não consumir. Empresas que consumam mais de 21.900 MWh por mês (ou, como diz o texto, 30 MW médios) podem apresentar propostas de quanto querem receber para não consumir durante um período entre 4 e 7 horas por dia. A notícia saiu no Valor e na Folha com o comentário de que só as grandes empresas eletrointensivas seriam elegíveis. O governo acenou com a possibilidade de empresas se reunirem para, juntas, se qualificarem. Como está, o efeito da medida pode impactar pouco a crise. A CNN Brasil conversou com Roberto Kishinami, do iCS que voltou a afirmar que o governo vem perdendo muito tempo ao não comunicar claramente a gravidade da crise. Lauro Jardim, n’O Globo, diz que o novo ministro da casa civil, Ciro Nogueira, está fazendo reuniões para tratar da crise, apesar do ministro das minas e energia e seu time continuarem a dizer que não haverá apagão nem blecautes.

Em tempo 1: O diretor da ANEEL, responsável pela regulação do sistema elétrico, disse ao Poder 360 que o foco da Agência nos próximos meses é revisar as garantias físicas das hidrelétricas, uma das piores encrencas do sistema. Do lado da física, tem menos água nos reservatórios porque chove menos e porque, com o tempo, o assoreamento reduziu o volume efetivo. Todos os cálculos operativos usam volumes que, na realidade, estão superestimados. Por outro lado, a valoração das usinas está diretamente ligada a este volume. Contabilmente, reduzir esse volume faz evaporar ativos. Esse é mais um problema que vem sendo empurrado há anos.

Em tempo 2: Logo que assumiu, Bolsonaro eliminou o horário de verão, dizendo que ouviu a população. Ontem, ele disse que continua contra mas “se a maioria da população quiser a volta, eu posso fazer isso aí.” E pediu para uma rádio que “ouve quase sempre” fazer uma pesquisa. Especialistas do setor entendem que essa é uma discussão técnica – qual a redução do risco que a medida traria. A Band e o Estadão repercutiram mais essa do presidente. A propósito: pesquisas de opinião também fazem parte do conhecimento científico e têm métodos, critérios e padrões.

 

ClimaInfo, 4 de agosto de 2021.

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