COP26 será o “momento da verdade” para viabilidade da meta de 1,5°C

COP26

O presidente da próxima Conferência da ONU sobre o Clima (COP26), Alok Sharma, chegou ao Brasil nesta 3ª feira (3/8) para conversar com representantes do governo federal e dos estados, cientistas e organizações da sociedade civil e indígenas. O foco da visita é reforçar a importância de que os países cheguem a um entendimento na COP26 para permitir a implementação plena do Acordo de Paris. Agência Brasil e Exame destacaram essa notícia.

No Valor, Daniela Chiaretti conversou com Sharma sobre as expectativas em torno da COP26. Para o britânico, a meta específica do encontro em Glasgow é manter a viabilidade do limite de 1,5°C para o aumento da temperatura média global neste século em comparação com os níveis pré-industriais. No entanto, as dificuldades para mudar a trajetória das emissões globais desde 2015 e a falta de ambição dos países para reduzi-las ao longo da próxima década colocam em xeque a possibilidade de um aquecimento menor.

Sobre a COP26 em si, Sharma ressaltou que o governo britânico pretende realizar uma conferência inclusiva, dentro das possibilidades sanitárias impostas pela pandemia. Em parceria com a ONU, o Reino Unido se propôs a vacinar representantes de países em desenvolvimento que ainda enfrentam problemas para acelerar sua própria vacinação. Ele também prometeu divulgar mais detalhes sobre a organização do encontro nos próximos dias, em especial as regras de entrada no Reino Unido para os participantes da COP26.

Na BBC, a ex-secretária-executiva da UNFCCC, Christiana Figueres, defendeu que a COP26 garanta condições para uma participação efetiva de representantes de países pobres, mesmo que parte das negociações aconteça de maneira virtual. Por outro lado, Figueres também questionou a viabilidade de entendimentos diplomáticos mais delicados em um modelo de negociação virtual. “Provavelmente não será possível ter 25 mil pessoas indo a Glasgow, como planejado originalmente. Então, a grande questão será qual o ponto ideal que permitirá termos negociações bem-sucedidas, eficientes e seguras”.

Ao mesmo tempo, a oposição ao governo de Boris Johnson no Reino Unido elevou o tom das críticas ao primeiro-ministro por causa de sua conduta nas negociações prévias à COP26. No Guardian, o líder trabalhista Keir Starmer acusou Johnson de ter “desaparecido” das discussões internacionais sobre clima. “Como anfitrião da cúpula, o mundo espera que o Reino Unido cumpra os requisitos [de liderança]”, escreveu Starmer. “Não podemos perder este momento, mas temo que iremos [fazê-lo]”.

 

ClimaInfo, 4 de agosto de 2021.

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