Crise climática: um deserto nasce no Semiárido brasileiro

crise climática semiárido

A mudança do clima precipitada pela ação humana está condenando o Semiárido brasileiro ao processo de desertificação. O panorama foi apontado pelo relatório recente do IPCC, mas já é sentido no dia-a-dia da região: nos últimos anos, as temperaturas médias subiram ao mesmo tempo em que a falta de chuvas se tornou ainda mais duradoura e frequente.

“O Nordeste brasileiro é a área seca, mais densamente povoada do mundo e é recorrentemente afetado por [eventos] climáticos extremos”, disse o relatório, citado por João Fellet na BBC Brasil. De acordo com o Painel, se o mundo atingir um aumento de 1,5°C na temperatura média global na década de 2030, os dias mais quentes do verão podem registrar temperaturas até 3oC superiores às máximas atuais em boa parte do Brasil. No caso do Semiárido, isso significaria um aumento expressivo do número de dias com temperaturas acima dos 40°C.

Um verão ainda mais quente no Semiárido seria bastante desafiador para a vida na região, até mesmo de espécies de plantas características da Caatinga nordestina. Nesse cenário, a desertificação seria inevitável: a reportagem destacou dados da Universidade Federal de Alagoas (UFAL) que mostram que, em 2019, 13% do Semiárido estava em estágio avançado de desertificação, uma área equivalente à da Inglaterra.

“O Brasil é muito vulnerável. Todos são, dos grandes aos pequenos produtores, dos ricos aos pobres”, disse o climatologista José Marengo, do Cemaden e do IPCC, a Daniela Chiaretti no Valor. “Precisamos de políticas de governo, com a redução das emissões e do desmatamento. E não estou falando de desmatamento ilegal. Estou falando de todo o tipo de desmatamento”. A reportagem destacou o risco que o agronegócio brasileiro enfrenta com o aquecimento do planeta e os efeitos desse processo no clima do país, em particular a intensificação de eventos extremos, como estiagens prolongadas, tempestades e ondas de calor e frio.

Em tempo: No Estadão, Emilio Sant’Anna ouviu especialistas e sintetizou seis medidas, das mais óbvias às mais inovadoras, que podem fazer a diferença no enfrentamento da crise climática. As ações recomendadas são: manter as florestas naturais em pé, o plantio direto, o cultivo mínimo florestal, o mercado de créditos de carbono, projetos de captura e armazenamento de carbono no solo, e o cultivo de plantas marinhas para ampliar a captura de CO2 pelo mar.

 

ClimaInfo, 12 de agosto de 2021.

Se você gostou dessa nota, clique aqui para receber em seu e-mail o boletim diário completo do ClimaInfo.