Brasil se junta à Ásia para dar sobrevida ao carvão

Brasil carvão

O secretário-geral da ONU, António Guterres, disse que o relatório do IPCC era o último prego no caixão do carvão. Mas ele não sabia que, no mesmo dia, o ministro Bento Albuquerque anunciaria o Programa para Uso Sustentável do Carvão, o qual prevê um orçamento de bilhões para prolongar a vida do carvão do sul no país por mais 30 anos.

A este respeito, manifesto do WWF disse que o “governo brasileiro segue na contramão da ciência e dos esforços globais pela redução do uso de combustíveis fósseis”. O manifesto tem como título “Carvão sustentável, a nova cloroquina do setor elétrico”.

Matérias na Climate Change News e na Bloomberg falam da ironia na coincidência nas datas e da irrealidade de dizer que o uso do carvão pode ser sustentável. Ambos também fazem questão de informar que o papel do carvão na matriz elétrica brasileira é ínfimo, ao contrário do que acontece na China e Índia. O que o país queima de carvão para gerar eletricidade em um ano, é o que a China queima em 3 dias. Roberto Kishinami, do iCS, disse que o ministro promove uma transição energética em direção a dois séculos atrás.

Na Ásia, o carvão continua firme e forte, apesar das juras de neutralidade climática e das promessas de promover o pico do emprego do combustível para os próximos anos. Em pleno verão, o consumo de carvão chegou muito perto do que havia sido consumido no pico do inverno passado. Nos três meses entre maio e julho, o consumo subiu 8% quando comparado com o mesmo período no ano passado. Junto com o consumo, os preços também subiram. Nos Japão, Coreia e Taiwan, o preço é o mais alto dos últimos 13 anos. A notícia é da Reuters.

A verdade é que o caixão de Guterres segue aberto esperando o vivente morrer de verdade.

 

ClimaInfo, 16 de agosto de 2021.

Se você gostou dessa nota, clique aqui para receber em seu e-mail o boletim diário completo do ClimaInfo.