Mineração em Terras Indígenas cresceu quase 500% nos últimos 10 anos

mineração Terras Indígenas

Entre 1985 e 2020, o Brasil testemunhou uma verdadeira explosão do garimpo, que não livrou nem mesmo áreas protegidas por lei. De acordo com novo levantamento do MapBiomas, apenas na última década, o território explorado por garimpeiros cresceu 301% nas Unidades de Conservação (UCs). Nas Terras Indígenas (TIs), o salto foi ainda mais acentuado: 495%. Cerca de 40% da área de garimpo registrada no ano passado estava dentro de UCs, e 9% em TIs. As três áreas indígenas que mais sofreram com o avanço do garimpo foram as TIs Kayapó (PA), com pouco mais de 7,6 mil hectares de área explorada; TI Munduruku (PA), com quase 1,6 mil hectares; e a TI Yanomami (AM/RR), com 414 hectares de garimpo. Ao todo, a área de mineração no Brasil cresceu 564% nos últimos 36 anos, aumentando de 31 mil hectares para 206 mil. A Amazônia é a região mais afetada pela atividade mineradora industrial e garimpeira, concentrando em média três de cada quatro hectares de área explorada no Brasil em 2020.

Esses dados são lançados em meio a um debate político em torno da exploração de áreas protegidas e territórios indígenas no Brasil. O governo Bolsonaro defende a legalização da mineração nessas áreas, uma pauta compartilhada por seus aliados ruralistas. Nos últimos anos, a fiscalização ambiental foi fragilizada, o que abriu espaço para a intensificação da atividade garimpeira, especialmente na Amazônia, causando conflitos violentos nas reservas Yanomami e Munduruku.

Os dados do MapBiomas sobre o crescimento da mineração e do garimpo tiveram destaque em veículos como CNN Brasil, Estadão, Folha, G1, Poder360 e Valor, além do Fantástico (TV Globo), onde Sônia Bridi também mostrou uma ação da Polícia Federal e do IBAMA contra o garimpo na Terra Kayapó e as dificuldades enfrentadas por fiscais e policiais no combate à ilegalidade nessas áreas. Na semana passada, garimpeiros chegaram a bloquear uma rodovia para impedir a passagem de um comboio do Exército e da Força Nacional de Segurança Pública que auxiliaria a ação da PF e do IBAMA na Terra Kayapó.

Em tempo: O Ministério Público Federal entrou com ação no Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1) contra três empresas acusadas de colocar no mercado mais de quatro toneladas de ouro ilegal entre 2019 e 2020. De acordo com O Globo, as empresas FD’Gold, Carol e OM comercializaram ouro retirado de maneira ilegal de áreas protegidas no sudoeste do Pará. O MPF pede a suspensão de suas atividades comerciais, além do pagamento de multas que totalizam mais de R$ 10 bilhões por danos socioambientais.

 

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ClimaInfo, 31 de agosto de 2021.

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