Brasil quer limpar imagem ambiental no exterior com “mais do mesmo”

Brasil limpando barra ambiental

Com a pressão internacional subindo a cada semana, o governo Bolsonaro resolveu fechar o mês de agosto com um “pacotão” de ações para proteção do meio ambiente. No entanto, o diabo está nos detalhes: a maior parte das medidas apresentadas nesta 3ª feira (31/8) no Palácio do Planalto já tinham sido anunciadas antes pelo próprio governo, por exemplo, a contratação de 700 novos servidores para o IBAMA e o ICMBio.

Fora isso, o evento foi um desperdício de tempo e energia, com os ministros Ciro Nogueira (casa civil), Anderson Torres (justiça) e Joaquim Álvaro Pereira Leite (meio ambiente) jogando confete na própria cabeça.

“Quero dizer que vamos aumentar ainda mais [?] a atenção do governo do presidente Jair Bolsonaro [com a questão ambiental]”, prometeu Nogueira. “Eu tenho certeza de que nós iremos ter uma recuperação de imagem bastante expressiva a nível mundial, principalmente em um momento que precisamos ter uma imagem muito positiva do nosso país”.

Como bem lembrou O Globo, a promessa de Nogueira sobre a “prioridade ambiental” de Bolsonaro aconteceu poucos dias após o próprio presidente desancar seu colega norte-americano, Joe Biden, dizendo que ele teria “quase uma obsessão pela questão ambiental” e que isso “atrapalha um pouquinho” a relação do Brasil com os EUA. A Folha também destacou a mesmice do Planalto com o meio ambiente.

Enquanto isso, o presidente da ABAG, Marcello Brito, sugeriu que o desafio de Nogueira & Cia. para o greenwashing da imagem brasileira no exterior não será pequeno. “A imagem do Brasil no exterior é a pior da história. Não sou eu falando isso, são os próprios embaixadores que tentam segurar a barra do Brasil”, disse Brito ao UOL.

O Valor também destacou a bronca de parte do agronegócio com o governo Bolsonaro e o manifesto assinado por entidades no começo da semana em defesa das instituições republicanas e da pacificação política do país.

Em tempo: O vice-presidente Hamilton Mourão voltou atrás e confirmou que a presença das Forças Armadas nas áreas mais afetadas pelo desmatamento e pelas queimadas na Amazônia será prorrogada apenas até meados deste mês. Inicialmente, a promessa do Planalto era de que a Operação Samaúma, iniciada em junho e com conclusão prevista para 31 de agosto, fosse prorrogada por mais 45 dias. De acordo com O Globo, o principal motivo para essa mudança foi a falta de dinheiro para manter os militares na floresta.

 

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ClimaInfo, 2 de setembro de 2021.

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