Crise elétrica na China pode frear transição para fontes renováveis

China crise energética

A crise energética experimentada pela China nas últimas semanas pode atingir em cheio a expansão da geração solar no país, o que representaria um baque para a transição energética global para fontes renováveis de energia. A indústria solar já vivia um ano complicado no mercado chinês, com aumento no preço do silício metálico, usado para fabricação dos painéis fotovoltaicos. Com as fábricas chinesas operando de maneira inconstante, por causa dos blecautes diários, a produção dos painéis ficou ainda mais prejudicada. A Bloomberg abordou essa questão.

Falando em apagões, a situação tem se tornado mais preocupante nos últimos dias na China. De acordo com o Financial Times, a atividade manufatureira na China sofreu em setembro sua primeira contração oficial desde o começo da pandemia. Isso joga pressão sobre o cenário macroeconômico chinês no 3º trimestre de 2021, já afetado pelo temor de colapso da incorporadora imobiliária Evergrande. A Reuters também trouxe essa notícia.

A Reuters destacou a projeção da associação setorial da indústria carvoeira da China, que demonstrou “não estar otimista” sobre uma estabilização do fornecimento antes do inverno, no pico da demanda. O aumento no preço do carvão e o esvaziamento das reservas chinesas desse combustível são alguns dos fatores por trás da crise energética no país, como destacado pelo Valor.

Além das interrupções no fornecimento elétrico, que atrapalham a produção industrial, o encarecimento da energia elétrica também vai se refletir no preço final dos produtos. Economistas temem que esse efeito cascata facilite uma disparada da inflação internacional. CNN Brasil, El País, Reuters e Washington Post repercutiram os “apagões” na China e seus reflexos na economia internacional.

Em tempo: Falando em crise elétrica, os europeus seguem batendo a cabeça para enfrentar a disparada nos preços da energia no continente. Como a Bloomberg explicou, os estoques de carvão e gás estão esvaziados no mercado europeu depois do último inverno, mais frio e longo do que o normal. Para atrapalhar, a decisão da China de priorizar o atendimento de sua demanda doméstica de carvão em detrimento de mercados externos praticamente fechou as portas para a importação desse combustível. A expectativa é de que os preços da energia sigam em patamares mais altos ao longo deste inverno.

 

ClimaInfo, 1º de outubro de 2021.

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