A cúpula de chefes de estado e de governo do G20, o grupo das 20 maiores economias do mundo, foi um exemplo notável do isolamento político do Brasil sob Jair Bolsonaro. Antes do encontro, o general-ministro Augusto Heleno prometeu que Bolsonaro mostraria “o Brasil real”, em contraposição àquilo que ele chamou de “invenções” – leia-se a escalada do desmatamento, o desmonte da fiscalização ambiental, os ataques contra ambientalistas e Povos Indígenas, o negacionismo da ciência e o desastre na gestão da saúde pública durante a pandemia da COVID-19, entre outros.
Ao que tudo indica, no entanto, ninguém teve interesse em ouvir a ladainha brasileira em Roma. Bolsonaro foi um espectador nas discussões do G20, sem qualquer participação nem contribuição significativa nas conversas. Como Jamil Chade destacou no UOL, “Bolsonaro é o retrato do Brasil isolado”: um coadjuvante desconfortável, sem a atenção de seus pares.
Indiferente à sua própria irrelevância, Bolsonaro usou o G20 para fazer aquilo que mais gosta: espalhar mentiras. Ele voltou a dizer que a floresta amazônica “não pega fogo” porque é úmida e que os incêndios são pontuais, causados por “índios e caboclos”. Ele também afirmou que o governo estaria tendo tanto sucesso no combate ao desmatamento que “a imprensa não fala mais nada sobre isso”.
O presidente também aproveitou o passeio pela Itália para mostrar ao mundo o quanto (des)preza a imprensa crítica e independente. Enquanto acompanhavam Bolsonaro pelas ruas de Roma, jornalistas brasileiros foram agredidos por seguranças do presidente, com direito a socos e empurrões. De fato, Bolsonaro mostrou ao mundo um outro Brasil. Um Brasil ainda mais nefasto que o verdadeiro.
Em tempo: O ClimaInfo se solidariza com os jornalistas agredidos pela comitiva presidencial em Roma. É inaceitável que o Estado brasileiro, na figura de seu Presidente da República, permita ataques desse tipo contra a imprensa. Infelizmente, com Bolsonaro, o inaceitável vem se tornando cotidiano.
ClimaInfo, 3 de novembro de 2021.
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