Os desafios enfrentados pela discussão sobre o mercado de carbono em Glasgow

7 de novembro de 2021

Em Glasgow, alguns grupos indígenas têm sido contundentes na sua posição contra os mercados de carbono que, segundo colheu o Independent, não passam de uma “parte de um sistema que privatiza o ar que respiramos”. Para estes grupos, os créditos de carbono seriam “uma nova forma de colonialismo”.

Exatamente por manterem aberta a porteira para que poluidores sigam poluindo, a discussão dos mercados está fortemente conectada com os compromissos de neutralidade climática, o net zero. O secretário-geral da ONU, António Guterres, comentou o clima quente em torno desses compromissos: “Há um déficit de credibilidade e um excesso de confusão sobre reduções de emissões e metas líquidas zero, com significados diferentes e métricas diferentes”. Chloé Farand, no Climate Change News, deu a fala de Gutérres e descreve a situação como uma batalha ideológica. Ewa Krukowska, na Bloomberg, escreve que, “para o planeta, nenhum acordo é melhor do que um mau acordo”.

A Economist também meteu a colher. Falando sobre os trilhões anunciados por uma coalizão das maiores financeiras privadas do mundo, a revista aponta que os principais poluidores fósseis são estatais, como a Coal India e a Aramco saudita, que não dependem dessas financeiras. Por educação ou pouca importância, a Petrobras não foi citada.

Outro problema é que a pressão das financeiras e acionistas para que as grandes corporações abandonem os fósseis faz com que estas acabem por vender as operações para grupos menores, menos transparentes e que não precisam levar em conta a opinião dos outros. Um exemplo recente daqui mesmo, foi a venda do complexo térmico a carvão em Santa Catarina da multinacional Engie para uma praticamente desconhecida empresa brasileira.

Enquanto isso, as negociações em torno do Artigo 6 do Acordo de Paris seguem difíceis. Segundo a Bloomberg, um dos principais pontos de discórdia é o quanto de créditos de carbono se deve separar para ajudar a adaptação em países pobres. E outro ponto é sobre a ideia de separar outra fração dos créditos de modo a haver uma diferença entre o que um país compra e o que o outro vende. É uma maneira de fazer com que os mercados reduzam, de fato, a emissão global.

 

ClimaInfo, 8 de novembro de 2021.

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