Emissões do setor agropecuário global aumentaram 16% desde 1990

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A produção agroalimentar emitiu cerca de 17 bilhões de tCO2e em 2019 – cerca de 30% do total de emissões antrópicas daquele ano, segundo um relatório da FAO que saiu esta semana. Isso representa um aumento de emissão de 16% desde 1990. Durante este período, também segundo a organização (cuja ferramenta permite pesquisas detalhadas), o indicador de produção do sistema agroalimentar dobrou, indicando que a pegada de carbono do sistema vem diminuindo, ainda que as emissões totais tenham aumentado.

Mesmo com esse aumento da produção, no ano passado, a FAO estima que cerca de 800 milhões de pessoas viveram à beira da fome e a prevalência da subnutrição subiu para 10% da população, indicando que mesmo com a pegada diminuindo, a tendência é que as emissões globais sigam aumentando, se o mundo realmente quiser acabar com a insegurança alimentar.

Em 2019, os países com as maiores emissões de sistemas agroalimentares foram China, Índia, Brasil, Estados Unidos da América e Indonésia. Ao todo, o setor é responsável por 21% das emissões de CO2, 53% das emissões de metano e por 89% das de óxido nitroso, os três principais gases causadores do efeito estufa. Do total, cerca de ¼ vêm do desmatamento em áreas até então intactas e, aqui, os grandes responsáveis são o Brasil e a Indonésia. Pouco mais de ⅓ das emissões vêm dos processos que acontecem antes e depois da produção propriamente dita.

A produção se refere às operações de plantio, colheita e criação de animais até a saída da fazenda. Ela responde por pouco mais de 40% das emissões. O trabalho da FAO foi publicado na revista científica da ESSDD/Copernicus, o programa de observação da Terra da União Europeia. Folha, Poder 360 e Financial Times repercutiram.

Na semana passada, o Global Carbon Project (GCP) soltou a versão 2021 do seu relatório sobre o orçamento de carbono que, dentre muitos dados interessantes, mostra que as emissões advindas do uso da terra e de suas mudanças vêm caindo levemente neste século. O único cuidado a tomar é que o GCP não inclui as emissões dos processos que vêm antes e depois da produção. Os dados da FAO são consistentes dentro da margem de erros dos dois trabalhos.

 

ClimaInfo, 10 de novembro de 2021.

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