Crise energética causa 1ª redução nas emissões de carbono da China desde a retomada pós-pandemia

China emissões

As emissões de dióxido de carbono da China diminuíram cerca de 0,5% no 3o trimestre de 2021 na comparação com o mesmo período do ano passado, a primeira queda nas emissões chinesas desde a retomada da economia do país após o auge da pandemia, no começo de 2020. O dado é de um levantamento feito pelo Centre for Research on Energy and Clean Air (CREA) para o Carbon Brief e divulgado nesta 5ª feira (25/11).

A queda é significativa, já que as emissões da economia chinesa no primeiro semestre deste ano subiram aproximadamente 9%, puxadas pela retomada da atividade econômica no país e em outros mercados internacionais. Ao mesmo tempo, ela também sinaliza os primeiros impactos negativos da crise de abastecimento elétrico no mercado chinês.

“Os preços altíssimos do carvão afetaram os usuários industriais diretamente, já que eles compram carvão no mercado, enquanto a demanda de eletricidade industrial também foi afetada devido ao racionamento de eletricidade”, explicou a análise. Outra razão apontada pelo levantamento para essa queda nas emissões chinesas foi uma redução substancial na demanda por materiais de construção precipitada pela crise no mercado imobiliário do país, o que afetou diretamente as operações das indústrias de cimento e aço – os dois setores que mais emitem CO2 na China.

A análise indicou também que a queda nas emissões de carbono na China persistiu ao menos em outubro, primeiro mês do 4o trimestre do ano. No mês passado, a produção de aço bruto e cimento teve reduções de 23% e 17%, respectivamente, na comparação com outubro de 2020.

Financial Times e Reuters destacaram os dados sobre emissões da China no 3º trimestre.

Ainda sobre energia na China, a Bloomberg noticiou a retomada de um costume comunista da era maoista na província de Shanxi, na região central do país: o uso de cupons de carvão, subsídios diretos do governo para facilitar a compra do combustível fóssil pela população local. De acordo com a matéria, cerca de 47 mil famílias receberam os “vales-carvão”, sendo que cada cupom permite a compra de duas toneladas de carvão, o suficiente para uma família garantir seu aquecimento durante o inverno.

Em tempo: Com a maior dependência chinesa pelo carvão por conta da crise energética, o governo de Pequim se move para impor restrições às emissões de metano, em linha com a declaração firmada pelo país junto com os Estados Unidos durante a COP26. Segundo a Reuters, os chineses começaram a formular um plano de ação para reduzir a liberação de metano em setores estratégicos da economia do país, especialmente energia, pecuária e decomposição de resíduos orgânicos em aterros sanitários. Por ora, não há um prazo para que o plano seja finalizado e apresentado, mas a imprensa chinesa especula que o governo pretende fazer isso até o final de 2022.

 

ClimaInfo, 26 de novembro de 2021.

Clique aqui para receber em seu e-mail o boletim diário completo do ClimaInfo.