Prefeitos tomam as dores de garimpeiros e protestam contra ação da PF em “Serra Pelada” fluvial

1 de dezembro de 2021

Depois de a Polícia Federal e a Marinha desmobilizarem centenas de embarcações garimpeiras no rio Madeira, prefeitos de municípios no entorno da região foram até Brasília nesta 3ª feira (30/11) pedir ao governo federal o fim da ação antigarimpo. Segundo o g1, a comitiva incluiu os prefeitos de Humaitá, Dedei Lobo; Nova Olinda do Norte, Adenilson Reis; e de Novo Aripuanã, Jocione Souza. O Globo também noticiou o apoio dos prefeitos ao garimpo no Madeira.

“O objetivo de nossa viagem é um encontro com a bancada do estado do Amazonas, com deputados e senadores, para buscarmos um caminho, um entendimento, a legalização do extrativismo mineral familiar aqui no rio Madeira”, explicou Lobo. O grupo também tinha reuniões com os ministros Braga Netto (defesa) e Joaquim Pereira Leite (meio ambiente).

De acordo com O Globo, o prefeito de Borba, Simão Peixoto, teria anunciado na 2ª feira (29) que o ministério da justiça tinha encerrado a ação contra o garimpo ilegal no Madeira, a pedido dos líderes políticos da região. “As balsas de vocês não serão mais queimadas. As balsas que estão no fundo [do rio], procurem tirar e montar novamente, mas vocês estão impedidos por enquanto ainda de extrair o ouro”, afirmou Peixoto, em fala celebrada pelos garimpeiros.

No Estadão, André Borges foi até Autazes, município em que a extração ilegal de ouro no Madeira se concentrou nas últimas semanas, e descreveu o que os garimpeiros deixaram para trás durante a fuga. Celulares, comida, roupa, combustível, entre outros artigos, foram deixados nas embarcações apreendidas pela PF durante a fiscalização. Para muitos dos garimpeiros e seus familiares, a extração de ouro é uma atividade arriscada, mas a única opção de renda de curto prazo. Na orla do Madeira, vilas ribeirinhas se formaram nos últimos anos, organizadas em torno do garimpo ilegal. O impacto ambiental dessa atividade e os prejuízos para a saúde foge à mente dessas comunidades.

“Usa-se muito mercúrio para separar o mineral precioso da ganga, sendo que o metal pesado se acumula nos peixes e ameaça a saúde humana; além disso, a dragagem tem impacto ambiental ao alterar características do rio, por exemplo criando bancos de areia”, explicou a Folha em editorial. O jornal destacou que a dimensão da ação garimpeira mostra um esforço concertado – e bastante caro – para sustentar a extração de ouro na região, “mobilizando capital de que só criminosos graúdos são detentores”.

Em tempo 1: No podcast Ao Ponto (O Globo), o repórter Eduardo Gonçalves deu detalhes sobre a operação da PF para desmobilizar o megagarimpo no rio Madeira e a promessa dos garimpeiros de retomar a atividade depois da saída das forças de segurança.

Em tempo 2: Já no Mongabay, Carolina Pinheiro trouxe a história de um grupo de mulheres ribeirinhas que conseguiu encontrar uma alternativa de renda sustentável ao garimpo na região do Alto Araguari (AP). Utilizando a diversidade biológica da floresta e o conhecimento tradicional, elas produzem sabonetes, pomadas e óleos in natura, gerando renda e protegendo a floresta em pé.

 

ClimaInfo, de dezembro de 2021.

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