Pico de demanda de petróleo ainda pode demorar e comprometer metas climáticas

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Glasgow ouviu que o mundo precisa reduzir em 45% suas emissões até 2030 se quiser conter o aquecimento global abaixo de 1,5°C e isso só será possível com uma redução inédita na quantidade de petróleo e gás que o mundo queima. Transporte e geração elétrica são os principais demandantes desses fósseis. A expansão de veículos elétricos está acelerando, segundo Nathaniel Bullard, da Bloomberg. No último trimestre, foram vendidos 1,7 milhões no mundo todo. Na China, em agosto, a venda de elétricos representou 20% do total; no Reino Unido, no mês passado, 30%. O problema é que, mundialmente, as vendas mal passaram de 10% e os elétricos ainda não apareceram na foto da frota de mais de 1 bilhão de veículos rodando mundo afora, boa parte com vida útil de mais de 10 anos. Assim, o consumo de gasolina e diesel, principais produtos do petróleo, demorará a cair o necessário para conter o aquecimento global.

Nos EUA, empresas que fecharam contratos de compra de energia limpa estão tendo que comprar eletricidade das redes alimentadas por fósseis. Segundo a Bloomberg, o parque limpo americano ainda não dá conta de atender a demanda. Isso compromete os relatórios de sustentabilidade, mas, pior, mantém a demanda por gás natural.

Em tempo: Como comentamos ontem, o setor petroleiro reunido em Houston para seu congresso anual, incorporou a preocupação climática em (quase) todas as falas e, claro, complementando com um “allegro ma no tropo”. Transição energética, sim, mas lentamente. Fim dos fósseis, sim, mas sempre com um residual e fazer tudo correndo trará mais inflação e desorganização dos mercados globais. Afinal, como disse um executivo americano de dutos de óleo e gás, “as pessoas querem uma qualidade de vida melhor, e não estão nem aí para as mudanças climáticas”. O moço, claro, não entendeu que não há melhor qualidade de vida com o clima mudando. O Financial Times e a Reuters comentaram a reunião.

 

ClimaInfo, 10 de dezembro de 2021.

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