“Crise climática” em crise: sozinhas, palavras mais fortes não resultam em ação efetiva

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Nos últimos anos, a urgência da mudança do clima tem provocado uma mudança na terminologia utilizada por cientistas e ativistas para se referir ao problema junto ao grande público. Palavras como “crise” e “emergência” ganharam espaço no discurso sobre o clima, para destacar a gravidade da questão e a necessidade de ação imediata e emergencial para conter e reduzir as emissões de gases de efeito estufa. Mas ao que parece estas palavras não provocaram mudanças substanciais na percepção do público sobre a mudança do clima.

Um estudo publicado neste mês na revista Climatic Change concluiu que o uso de termos como “crise climática” e “emergência climática” não trouxeram mudanças nos níveis de engajamento público com a questão. Conduzida por cientistas da Universidade de Michigan (EUA), a pesquisa ouviu 2,3 mil pessoas online, que tiveram suas emoções registradas a cada postagem de rede social que trazia esses termos mais pesados, além de outros mais batidos, como “mudanças climáticas”.

Os autores não identificaram um motivo pelo qual os termos mais fortes não estejam obtendo o impacto esperado, mas especularam algumas respostas. Por exemplo, pode ser que o uso disseminado de “crise” e “emergência” tenha diluído o peso da questão junto ao público, perdendo o “fator surpresa”. Ao mesmo tempo, o estudo identificou que o público em geral se sente mais engajado com conteúdos que exploram soluções para a questão climática, e menos com aqueles que abordam os impactos negativos do problema, como desastres climáticos extremos. Neste sentido, a terminologia mais dura pode estar se associando a esse noticiário de desastres, o que diminui a predisposição do público em se sensibilizar com a informação.

O site Grist repercutiu os principais pontos do estudo.

 

ClimaInfo, 13 de dezembro de 2021.

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