Na semana passada, a Casa Branca ordenou mudanças na política de financiamento a projetos de energia fora dos Estados Unidos, com o objetivo de interromper qualquer financiamento à produção de combustíveis fósseis e de impulsionar iniciativas de energia limpa. A determinação está em linha com os esforços do governo de Joe Biden para recolocar os EUA na dianteira da transição energética global e da ação contra a mudança do clima.
“O objetivo da política é (…) garantir que a grande maioria dos compromissos internacionais de energia dos EUA promova energia limpa, avance em tecnologia inovadoras, impulsione a competitividade da tecnologia limpa nos EUA e apoie a transição para o net-zero em todo o mundo”, afirmou o Departamento de Estado em telegrama citado por Bloomberg e Reuters.
Essa determinação foi adotada pouco após a Casa Branca também ordenar ao governo norte-americano uma meta de descarbonização líquida total até 2050. Pela ordem, toda a burocracia federal dos EUA precisará acabar com o uso de veículos movidos a combustíveis fósseis e adaptar sua infraestrutura para funcionar com base em fontes renováveis de energia, bem como aproveitar suas compras oficiais para promover tecnologias limpas.
Mas a ambição climática do governo Biden tem limites. Ao portal Euractiv, o enviado especial da Casa Branca para o clima, John Kerry, defendeu a posição dos negociadores norte-americanos na COP26, quando eles recusaram assinar uma declaração pela eliminação progressiva do carvão até 2050. “A linguagem da eliminação progressiva não era viável para nós por razão constitucional. Já estamos eliminando o carvão, mas, constitucionalmente, não podemos forçar os estados [a implementar a medida]”.
Outro limite ficou evidente com o leilão de áreas de exploração de petróleo no Golfo do México, no mês passado. De acordo com o Guardian, a justificativa da Casa Branca – de que havia uma exigência legal para realização do leilão – não se sustenta. Um memorando do próprio Departamento de Justiça dos EUA reconhece que a decisão judicial que barrou a moratória de leilão de novas áreas para exploração offshore de petróleo não forçava o governo a realizar o leilão em questão.
ClimaInfo, 15 de dezembro de 2021.
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