Chuvas aumentam o nível de reservatórios hidrelétricos, mas não aliviam bolso do consumidor

reservatórios hidrelétricos

As chuvas que causaram tanto estrago na Bahia e em Minas Gerais não serão suficientes para reduzir a conta de luz dos brasileiros. Sim, aumentaram o nível dos reservatórios das hidrelétricas mais importantes do sistema Sudeste/Centro-Oeste, mas a situação atual ainda é bem ruim.

Segundo o Operador Nacional do Sistema (ONS), o nível no sistema no final do ano estava em 26%, acima da média dos últimos dezembros (22%), mas significativamente menor do que a média entre 2010 e 2013 (44%). A ONS projeta o nível do sistema chegando a 40% até o final do mês, valor não atingido desde 2016.

O Estadão e o Valor deram a notícia, lembrando que a bandeira tarifária atual é a da Emergência Hídrica que, além de ser a mais alta, dura até abril. A ver se alguém checa se as térmicas seguem ligadas.

O histórico da armazenagem nos subsistemas pode ser visto aqui e a situação atual dos principais reservatórios pode ser vista aqui.

Enquanto isso, as fontes limpas seguem atraindo investimentos. Mônica Scaramuzzo e Robson Rodrigues escrevem no Valor: “Em 2021, foram fechadas 22 transações do setor, com valor de negócio de R$ 16 bilhões. Para este ano, a estimativa é chegar a R$ 20 bilhões.” As eólicas e solares puxam a fila.

Celso Ming, no Estadão, destaca o avanço da solar. Contando as grandes plantas e os painéis residenciais, a capacidade instalada fechou 2021 em espantosos 13 GW ou 7% do total do país e um salto de 65% em relação aos quase 8 GW do final de 2020. Ming faz a comparação com a capacidade da geração a carvão mineral e derivados de petróleo (13 GW). Interessante notar que, somada às eólicas, a capacidade das fontes limpas é da mesma ordem que a capacidade fóssil, incluindo o gás natural.

Em tempo: A Pública fez uma investigação sobre a exploração de petróleo na imensa foz do Rio São Francisco, entre os estados de Sergipe e Alagoas. A contenção das águas do rio para gerar eletricidade permitiu ao mar a invasão dos mangues costeiros. Mas a ameaça maior pode vir dos 11 poços de petróleo que a Exxon quer perfurar por ali. “A área de influência, sujeita a impactos diretos e indiretos do chamado Projeto SEAL, vai de Alagoas até o Rio de Janeiro. Em caso de vazamento, pelo menos 52 Unidades de Conservação podem ser diretamente afetadas, entre elas a Área de Proteção Ambiental (APA) Costa dos Corais, uma das sete áreas de prioridade máxima para a conservação dos recifes de coral no Brasil.“ A Exxon começou a treinar pescadores a como lidar com um vazamento, antes mesmo de uma autorização do IBAMA. As prefeituras, possivelmente de olho nos royalties, estão sendo coniventes. É mais uma pesada espada sobre os preciosos ecossistemas costeiros do país.

 

ClimaInfo, 13 de janeiro de 2022.

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