Ativistas que venceram Shell miram outras multinacionais

ativistas climáticos

O Environmental Defense, grupo ambientalista que ganhou um processo judicial histórico contra a Shell no ano passado, mira agora 30 empresas multinacionais, destacaram FT e Reuters nesta última quinta.

Os ativistas exigem que as companhias reduzam suas emissões ou enfrentem acusações legais. O grupo, que é o braço holandês da Friends of Earth, escreveu a empresas como BP, ExxonMobil, ABN AMRO, ING, Unilever, Vitol e KLM uma mensagem que começa assim: “Você está recebendo esta carta porque dirige um negócio que controla e influencia uma quantidade significativa de emissões de CO2. Agir é uma obrigação compulsória. E grandes atores do sistema, como o seu negócio, têm responsabilidades especiais.” A ameaça indica que o mundo corporativo pode estar testemunhando a abertura de um novo flanco no ativismo ambiental que usa como base as políticas climáticas aprovadas nacionalmente.

A Shell pode ter perdido um pouco do apetite por brigas. A empresa apelou, mas o pedido de revisão da decisão só será analisado em 2023. Até lá, a empresa é obrigada a cumprir com o que a justiça holandesa determinou: executar de maneira verificável um plano concreto de redução de emissões. Não há muitas formas de uma petroleira fazer isso senão diminuindo a produção de combustíveis. Isso pode explicar porque a companhia desistiu de uma exploração na Escócia pouco tempo depois de uma campanha modesta contra o projeto ter sido iniciada.

Mas há o risco da empresa concentrar sua atividade poluidora em países mais pobres, com múltiplos problemas socioambientais e menos capacidade de protesto, como o Brasil. O Climate Home reporta a relação entre a Shell e o movimento climático em detalhes, e a Bloomberg mostra a movimentação da empresa para proteger um projeto polêmico na África do Sul.

Em tempo: Redução de dependência, oferta e demanda de combustíveis fósseis estão formando um “trisal” que pouco dialoga. A Reuters informa que o esforço internacional prometido por Joe Biden para conter a alta do preço do petróleo falhou porque seu país consome muito. Agora ele é acusado pelos Republicanos de ignorar sua própria política climática. Já o Canadá enfrenta um dilema: pode se consolidar como o quarto maior player do setor e surfar a onda atual de preços altos, com o risco de chegar ao futuro casado com uma indústria do passado. O alerta foi dado pela IEA e repercutido também pela Reuters.

 

ClimaInfo, 14 de janeiro de 2022.

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