A importância (ou não) de precificar as emissões

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A cartilha econômica reza que enquanto o aquecimento global não doer no bolso dos grandes agentes do mundo financeiro e econômico, cumprir metas climáticas dependerá de mudanças voluntárias de atitudes. Colocar um preço nas emissões seria, então, fundamental.

O maior problema é que, como já se perdeu muito tempo e para reduzir 50% das emissões até 2030, como recomenda a ciência, o sinal preço teria que ser muito alto, em pouquíssimo tempo e em escala global. A esta altura do campeonato, talvez uma regulação muito mais incisiva fosse mais importante.

Mesmo assim, uma matéria da Bloomberg, cita um executivo do Banco da Inglaterra, quem entende que um “preço global da poluição dos combustíveis fósseis poderia impulsionar investimentos e produtividade que tirariam a economia mundial de seu torpor.” Outra analista diz que mudanças em um preço global de carbono obrigaria uma mudança de produtos, processos e hábitos. A matéria não diz, mas talvez seja exatamente por isso que tal preço global nunca existiu.

No Estadão da semana passada, José Renato Nalini, reitor da Uniregistral, quem defende um mercado regulado no país, aproveitou para criticar o governo federal dizendo que um próximo governo terá que “reverter a política antiambiental que foi inaugurada nesta gestão ecocida. Nunca se desmatou tanto. Nunca se invadiu tanta Terra Indígena, que é Terra Pública, garantida pela Constituição. Mas o governo se recusa a cumprir a Constituição. E a falta de consequência legal para tal conduta delinquencial é uma prova do fracasso moral da República brasileira, como já acentuado por vários respeitados pensadores.”

Quem anda animado com os créditos de carbono é o pessoal das criptomoedas. O Wall Street Journal comenta que milhões de toneladas de créditos de carbono estão amarradas a criptomoedas recém lançadas. Houve uma reação da CEO da Gold Standard Foundation, uma das certificadoras de créditos de carbono: “Apoiamos o uso transparente […] da tecnologia de blockchain nos mercados de carbono, mas alertamos fortemente contra aqueles que são especulativos por natureza” e acrescentou sobre a empresa que lançou uma das criptomoedas “também estamos preocupados com o fato dos fundadores serem anônimos, o que contraria a obrigação de transparência na ação climática em geral e nos mercados de carbono mais especificamente”.

 

ClimaInfo, 18 de janeiro de 2022.

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