Brasil quer leiloar produção eólica offshore em 2023

eólicas offshore

Os especialistas em energia sempre acharam que o segmento de eólicas em alto-mar (offshore) demoraria para se desenvolver no Brasil. Isso porque, diferentemente do contexto europeu, existiria uma grande oferta de terras para implantação de eólicas no país. Mas os representantes do setor dão agora sinais claros de que preferem se lançar ao mar do que tomar parte na complicada disputa fundiária brasileira.

A Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica) tem pressa. Segundo a entidade, investidores estrangeiros têm interesse em investir em energia eólica no Brasil e aguardam apenas definições regulatórias por parte do Ministério de Minas e Energia.

Enquanto isso, o IBAMA acumula 23 processos em análise, que somam mais de 46 GW de potência. Apesar da pressa, apenas dois destes projetos já apresentaram Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e Relatório de Impacto Ambiental (Rima). “Vamos estruturar para fazer leilões num futuro breve, que imagino que seja em 2023”, disse com otimismo ao Valor a presidente executiva da Abeeólica Elbia Gannoum.

A palavra-chave é “segurança jurídica”, já que uma boa parte do potencial eólico da costa brasileira é conhecido. Tanto que as empresas potencialmente envolvidas na atividade colaboram ativamente para a definição dessas regras, entre elas a Neoenergia, acionista majoritária da Iberdrola, e a Shell Energy.

O MME prometeu apresentar seu aparato regulatório até o fim do mês, mas muito ainda precisa ser feito na melhoria de infraestrutura portuária e de linhas de transmissão para efetivar essa adição de energia limpa e barata ao mix brasileiro.

Em tempo: E por falar em energia barata, O Globo informa que o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), pode finalmente colocar em votação no começo de fevereiro um projeto que pretende estabilizar o preço do petróleo e derivados. Proposto há um ano pelo senador Rogério Carvalho (PT-SE), o PL 1.472/2021 quer estabelecer um imposto de exportação sobre o petróleo bruto. A receita iria para um fundo de estabilização de preços quando houver volatilidade. Dinheiro não vai faltar. A Petrobrás, hoje especializada em exportar óleo cru, acaba de bater um novo recorde de produção no pré-sal, informa o Valor. É claro que a Faria Lima não perdeu tempo e, desde o ano passado, faz circular na imprensa suas críticas à criação do imposto.

 

ClimaInfo, 20 de janeiro de 2022.

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