Europa: especialistas criticam classificação “verde” do gás natural e da energia nuclear

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A taxonomia das “energias verdes” sugerida por nova proposta da Comissão Europeia, que permite a inclusão do gás natural e da energia nuclear como energias verdes, tem sido criticada por muitos analistas, informa a Bloomberg.

Segundo a Reuters, especialistas recomendaram à UE a reescritura das regras, pois, como estão, levam o mercado à incapacidade de interpretar quais investimentos são realmente alinhados com as metas climáticas. Além disso, as regras permitem o greenwashing no caso das empresas não informarem claramente sobre empregarem o gás natural ou a energia nuclear em suas divulgações financeiras.

Faustine Delasalle, diretor da Energy Transitions Commission, em artigo publicado na Euractiv é categórico: “Ao encorajar o investimento em infraestrutura de gás natural como combustível de transição, corremos o risco de perder de vista a prioridade crítica, a de canalizar o financiamento para a construção massiva de geração de energia renovável”.

O debate está quente. Os ministros da Energia da Áustria e do Luxemburgo adiantaram ao Financial Times a intenção de entrar com ações contra a Comissão Europeia e suas regras de taxonomia do que é verde, enquanto o vice-primeiro-ministro espanhol disse que Madri poderia optar por usar sua própria classificação do que é “verde”, excluindo a energia nuclear e o gás natural. Já a Alemanha, em uma carta à Comissão Europeia, enfatizou sua oposição à classificação da energia nuclear como verde, mas pediu que sejam flexibilizadas as restrições ao gás natural na transição para energia limpa, informa o Climate Change News.

Por seu lado, o setor privado quer suas próprias flexibilizações. Uma aliança de companhias aéreas e aeroportos solicitou ontem (24/1) mudanças na regulação planejada para a UE, argumentando que esta “os tornará menos competitivos em relação aos rivais não europeus”, informa a Reuters.

Já a KGHM Polska Miedz SA, empresa maior consumidora de energia da Polônia e que opera a maior mina de cobre do continente, disse à Bloomberg que o aumento dos preços da eletricidade e as cada vez mais rígidas normas de emissão da União Europeia estão empurrando os produtores industriais do bloco para a energia nuclear em substituição ao carvão.

 

ClimaInfo, 25 de janeiro de 2022.

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