O verão dos extremos climáticos no Brasil

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Os eventos extremos que assolam o país desde dezembro voltaram a ser destaque na imprensa, que enfim passou a correlacionar as chuvas torrenciais na Bahia, Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo, bem como as ondas de calor e a seca no sul do Brasil, com a crise climática.

A BBC News Brasil mostrou que as 74 pessoas que morreram no Brasil devido a enchentes e deslizamentos, entre dezembro e janeiro, além de centenas de desabrigados, foram vítimas de fenômenos que tendem a aumentar em frequência e intensidade. O mesmo vale para quem sofreu com as temperaturas recordes registradas durante as ondas de calor que atingiram o sul do país.

José Marengo, diretor do Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais), disse à BBC que os verões estão ficando mais “irregulares e extremos”, com picos de calor, chuvas fortes e estiagens prolongadas que se repetiram em 2005, 2015 e agora entre o final de 2021/início de 2022.

Nas três ocasiões, os extremos decorrem do fenômeno atmosférico La Niña, caracterizado pelos impactos globais do resfriamento das águas na superfície do Oceano Pacífico. No Brasil, o impacto é nos “rios voadores” da Amazônia, que geralmente distribuem a umidade por todo o país, mas, sob o efeito do La Niña, acaba chegando antes nas regiões Norte, Nordeste e Sudeste, não alcançando o Sul. O fenômeno ocorreu duas vezes desde 2020.

O Poder 360 destacou a importância da inclusão do clima no orçamento e denunciou o despreparo do país na agenda climática e diante do “novo normal” do clima.

Em coluna assinada na Folha, o urbanista Nabil Bonduki corrobora a importância de medidas estruturais a serem implementadas para enfrentar as causas que geram a ocupação em áreas de risco, ao invés de, como propôs a prefeitura de São Paulo, pagar para o morador deixar o barraco onde vive, “erguido em local impróprio para o assentamento humano”.

Carol Nogueira, no episódio “E Tem Mais”, na CNN Brasil, também cobrou providências. O Estadão repercutiu o assunto. E o geógrafo Aldo Paviani, da UnB, escreveu no Correio Braziliense sobre a importância da preservação ambiental para evitar desequilíbrios.

 

ClimaInfo, 8 de fevereiro de 2022.

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