Emissões de metano estão 70% maiores do que o estimado pelos governos, diz IEA

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O metano continua nas manchetes: a Agência Internacional de Energia (IEA) reavaliou as emissões do gás dizendo que ele é responsável por quase ⅓ do aquecimento da atmosfera. As maiores emissões vêm da agropecuária, mas são seguidas, não muito de longe, pelos vazamentos da produção de combustíveis fósseis. Durante muito tempo, as minas de carvão emitiram muito metano. Com o declínio desta indústria, os vazamentos na exploração e transporte de petróleo e gás tomaram a dianteira. 40% do metano que foi para a atmosfera vieram do setor de energia fóssil.

O relatório “Global Methane Tracker”, lançado ontem, diz que países e empresas emitem 70% mais metano do que vem declarando. A Rússia é a campeã em emissões, 14 milhões de toneladas, e em como escondê-las. As operações de fracking nos EUA vêm logo atrás, 14 milhões e, em terceiro, o Irã e países da Ásia Central como o Turcomenistão. Lembrando que uma molécula de metano, ao longo de um período de 20 anos, tem um impacto 80 vezes maior do que o CO2.

Segundo o IEA, o Brasil emitiu quase 20 milhões de toneladas de metano no ano passado e está em 5º lugar nas emissões totais, atrás de China, Índia, EUA e Rússia. Segundo o SEEG, o rebanho bovino arrota 70% do metano nacional, enquanto os vazamentos das cadeias fósseis mal chegam a 2%. A segunda maior fonte é o desmatamento, seja pelo apodrecimento da vegetação cortada, seja pela combustão incompleta nas queimadas.

O diretor executivo da Agência, Fatih Birol, disse que a alta nos preços do petróleo e do gás é razão mais do que suficiente para todos os atores tratarem de tapar todos os vazamentos. Algo, em tese, mais fácil do que fazer a humanidade toda virar vegana.

O trabalho foi destaque nos Guardian, AP, Reuters e Financial Times. Todos ressaltaram que as emissões tradicionalmente reportadas estão muito subestimadas.

Em tempo: A menção ao declínio do carvão deve ser relativizada. A Bloomberg fala da China, informando que o órgão máximo de planejamento daquele país acaba de aprovar três novas minas de carvão com investimentos de quase US$ 4 bilhões para produzir, anualmente, 19 milhões de toneladas de carvão. Quando queimado, o carvão destas três minas terá emitido 45 milhões de toneladas de CO2.

 

ClimaInfo, 24 de fevereiro de 2022.

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