Beneficiado com emendas “secretas”, MDR não tem verba para tragédias

tragédias ambientais Petrópolis

Apesar de o ministério do desenvolvimento regional (MDR) ter dirigido R$ 4,3 bilhões para as bases dos deputados beneficiados pelas emendas do “orçamento secreto”, a casa civil da presidência da República e ao ministério da economia foram informados que a pasta não tem dinheiro para obras de contenção e amortecimento de cheias e inundações, entre outras, estando sob risco de paralisação, de acordo com documentos publicados pelo O Globo.

Um dos muitos resultados do descaso é demonstrado pela história de Claudia Renata Ramos, da comissão das Vítimas da Tragédia da Região Serrana e uma das sobreviventes da tragédia de 2011 em Petrópolis, que causou quase mil mortos e é considerada a maior catástrofe climática do Brasil pelo CPTEC (Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos). Claudia Ramos demonstra que, mesmo com terrenos seguros existentes para a construção de casas, nada foi feito pelo município, informa a ECOA UOL.

O gerente de Desenvolvimento Urbano do WRI Brasil, Henrique Evers, diz que não basta só o investimento em sistemas de alerta e monitoramento de desastres para processo de evacuação em caso de emergência. “Esse tipo de medida é necessária, mas não é suficiente. Parar de entender a cidade como algo oposto à natureza e trazer a natureza como parte da solução dos problemas urbanos é o ponto-chave”, analisa o especialista.

O economista Paulo Hartung, em artigo ao O Estado de S.Paulo, corrobora que recuperar áreas degradadas é um caminho para combater os efeitos das mudanças climáticas e gerar desenvolvimento via projetos de restauração. A bioeconomia pode ser um desses caminhos. “Com seu patrimônio natural ímpar e uma expertise de vanguarda na economia verde, o Brasil tem promissoras e privilegiadas potencialidades para dar escala a modelos em que produzir, conservar e gerar oportunidades se compatibiliza e soma em função de uma civilização sustentável. Uma demanda urgente que a convulsão climática não cansa de atualizar, requerendo de todos mobilização e, principalmente, ações efetivas de curto, médio e longo prazos para garantir a vida no nosso planeta”, escreve Hartung.

 

ClimaInfo, 3 de março de 2022.

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