O preço da energia já era um problema até duas semanas atrás, antes de a Rússia invadir a Ucrânia e causar a pior crise político-militar na Europa desde a Guerra Fria. Agora, especialmente sob os efeitos de um conflito que não terminará tão cedo e de sanções históricas dos países ocidentais à Rússia, a expectativa é de que o preço do petróleo e do gás natural cheguem a patamares superiores às piores projeções de alta para o ano.
Nesta 3ª feira (8/3), Estados Unidos e Reino Unido anunciaram o congelamento das compras de petróleo da Rússia, que hoje representa quase 10% da oferta global do produto. Ainda que a importação de combustível russo não seja grande no mercado norte-americano, o impacto será significativo, especialmente por conta da inflação que já atinge a economia do país. Exatamente por isso, o governo de Joe Biden tem buscado reestabelecer pontes com a Venezuela, maior produtora de petróleo do hemisfério, mas que tem sofrido nos últimos anos com sanções norte-americanas. Na semana passada, uma delegação de representantes de Washington se reuniu em Caracas com auxiliares de Nicolás Maduro; poucos dias depois, em um gesto diplomático, o governo venezuelano libertou dois executivos norte-americanos detidos no país sob acusações de “espionagem”. O Estadão fez um panorama dos impactos potenciais da decisão norte-americana no comércio internacional de petróleo.
No caso europeu, a situação é inversa: países como Alemanha e Itália têm dependência crítica do fornecimento russo de gás, como destacou a Deutsche Welle. Um levantamento divulgado pelo Guardian mostrou que o consumo de petróleo e gás da Rússia pela Europa injeta US$ 285 milhões diários na economia do país. Não coincidentemente, a UE ainda não aderiu à moratória da compra de combustíveis fósseis da Rússia. A única sinalização europeia até agora é uma promessa do bloco em eliminar completamente sua dependência de energia russa “bem antes de 2030”. O governo da França, por sua vez, reconhece que o impacto da crise russo-ucraniana sobre a energia global pode ser similar em intensidade e brutalidade ao choque do petróleo de 1973. Bloomberg e Financial Times também destacaram os dilemas europeus com os combustíveis fósseis russos.
ClimaInfo, 10 de março de 2022.
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