Negociações sobre acordo para proteção do alto-mar fracassam na ONU

proteção de alto-mar

Os países da ONU não conseguiram chegar a um entendimento sobre um acordo global para proteção do alto mar. As conversas foram finalizadas na semana passada, sem a definição de qualquer entendimento ou mesmo um cronograma para novas discussões. A notícia é preocupante, já que se esperava por algum avanço nas discussões atuais. O temor agora é que a demora de os países definirem regras para a exploração comercial do alto mar exponha ainda mais essas áreas à sanha desmedida de empresas e governos.

“Os governos perderam uma oportunidade crucial para lidar com a crise da biodiversidade oceânica”, lamentou Sarah King, do Greenpeace Canadá, que acompanhou as negociações em Nova York. “Mais de 100 governos mundiais se comprometeram a proteger pelo menos 30% dos oceanos globais até 2030, mas é necessário garantir um tratado forte para que isso aconteça. Atualmente, não há como criar santuários marinhos oceânicos em alto mar, refúgios seguros para permitir que a vida marinha se recupere e se adapte às mudanças nos oceanos”.

Agora, caberá à Assembleia Geral da ONU autorizar mais uma rodada de negociações, o que pode acontecer ainda em 2022. Um grupo de quase 50 países, que formou uma “coalizão de alta ambição” em torno do tema, promete intensificar esforços para que o acordo seja concluído neste ano. No entanto, o caminho para o entendimento é difícil: além dos reflexos da instabilidade geopolítica, países como Rússia e Islândia seguem se opondo à inclusão da pesca nas considerações de um acordo global para o alto mar. AFP, Bloomberg, Guardian e Mongabay repercutiram o fracasso das negociações.

Em tempo: Por falar em mar, Jamil Chade informou no UOL que o governo brasileiro está se mobilizando para enfraquecer os objetivos de mitigação para o setor de transporte marítimo no âmbito da Organização Marítima Internacional (IMO). O objetivo de Brasília é garantir que biocombustíveis sejam incorporados à matriz energética do setor sem que haja uma diferenciação relativa ao uso da terra na definição do grau de “limpeza” do combustível. O argumento do Brasil é parecido com o utilizado pelo país nas discussões sobre as emissões do transporte aéreo comercial na ICAO.

 

ClimaInfo, 23 de março de 2022.

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