A situação das bacias hídricas que fazem parte da Mata Atlântica é preocupante. De acordo com uma análise da Fundação SOS Mata Atlântica, mais de 20% dos pontos de rios e corpos d’água analisados no bioma apresentaram qualidade de água ruim ou péssima, sem condições de uso na agricultura, na indústria ou para abastecimento humano. A análise mostrou também que apenas 7% contam com água de boa qualidade, sendo que nenhum registrou água com ótima qualidade.
Os dados são do relatório “O Retrato da Qualidade da Água nas Bacias Hidrográficas da Mata Atlântica”, elaborado pelo programa Observando os Rios, da SOS Mata Atlântica, lançado nesta 3ª feira (22/3) para marcar o Dia Mundial da Água. Os indicadores foram obtidos entre janeiro e dezembro de 2021 em 146 pontos de coleta de 90 rios e corpos d’água de 65 municípios em 16 estados do bioma. A nova análise mostrou que, no geral, não houve alterações no quadro da qualidade hídrica dos rios e corpos d’água da Mata Atlântica: em 88 deles, a qualidade se manteve estável; ela piorou em 45 e melhorou em 13. De toda maneira, o panorama não é positivo, com reflexos importantes na segurança hídrica dos municípios que dependem dessas bacias para o abastecimento de água.
“A qualidade regular da água obtida em mais de 70% dos pontos monitorados demanda atenção especial dos gestores públicos e da sociedade, indicando também a condição frágil dos recursos hídricos, especialmente neste momento de emergência climática e de pandemia, quando aumenta a demanda por água limpa”, comentou Gustavo Veronesi, coordenador do Observando os Rios. “As populações mais pobres sempre são as mais afetadas pelas deficiências de estrutura de atendimento ao fundamental, que são água, esgotamento sanitário, manejo de resíduos e manejo de águas de chuva, os pilares do saneamento básico”.
Os dados da SOS Mata Atlântica tiveram grande repercussão, com destaques na Agência Brasil, CNN Brasil, Estadão, Folha e O Globo, entre outros.
ClimaInfo, 23 de março de 2022.
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