China acelera investimentos para produção de hidrogênio verde

China hidrogênio verde
Qui Bo/Greenpeace

Pressionada pelas tensões externas e pela crise energética interna, a China enxerga nos projetos de hidrogênio verde um caminho para garantir a energia necessária para fazer sua economia crescer e, ao mesmo tempo, viabilizar as metas climáticas do país sob o Acordo de Paris. A Reuters noticiou que o governo chinês pretende produzir até 200 mil toneladas por ano de hidrogênio verde, feito a partir de fontes renováveis de energia, até 2025. Outro objetivo para meados desta década é ter cerca de 50 mil veículos movidos a hidrogênio. Atualmente, o país produz 33 milhões de toneladas de hidrogênio por ano, mas a esmagadora maioria desse montante, cerca de 80%, é feito a partir do carvão e gás natural.

No entanto, no curto prazo, o governo chinês segue interessado em mais carvão para garantir suas necessidades energéticas, ainda que às custas das metas climáticas do país. Joe Lo abordou no Climate Home a preocupação dos chineses com a autossuficiência energética, o que convenceu as autoridades em Pequim a recuar de restrições recentes à queima e ao uso de carvão para geração elétrica, com novas termelétricas sendo construídas nos últimos anos. Segundo os planos chineses, a produção de petróleo deve chegar a 200 milhões de toneladas por ano em 2025, um aumento de 5% em relação a 2018; da mesma forma, a projeção para a produção de gás natural também é superior ao cenário mais recente, com meta de produzir 230 bilhões de metros cúbicos em três anos.

Enquanto a China pisa no acelerador com os combustíveis fósseis, o país sofre cada vez mais com o clima extremo. Além de tempestades e inundações-relâmpago em grandes centros urbanos, os chineses estão convivendo com mudanças abruptas nas condições meteorológicas no interior do país, afetando principalmente a produção agrícola. A Bloomberg citou o ministro chinês da agricultura, Tang Renjian, que expressou preocupação com um possível desabastecimento de itens alimentícios básicos por conta da produção prejudicada. “Muitos técnicos e especialistas em agricultura nos disseram que as condições das colheitas este ano podem ser as piores da história”, disse.

Em tempo: Um levantamento da Asia Research & Engagement (ARE) mostrou que os bancos asiáticos não estão tomando medidas suficientes para combater a mudança do clima e estão avaliando incorretamente sua própria exposição a ativos intensivos em carbono. A análise avaliou 32 bancos em nove mercados do continente, sendo que nenhum deles apresentou políticas e metas alinhadas com os objetivos do Acordo de Paris. Em muitos casos, esses bancos sequer possuem alinhamento com as políticas climáticas de seus respectivos países. Bloomberg e Reuters deram mais detalhes.

 

ClimaInfo, 25 de março de 2022.

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