Agência internacional defende “ação radical” para cumprir metas climáticas globais

IRENA metas climáticas
P Photo/Michael Sohn

Se o mundo quiser viabilizar um limite de 1,5°C sobre o aquecimento global neste século, os governos precisam avançar com “ações radicais” para acelerar a transição energética e ampliar a geração energética por fontes renováveis. Esse é o alerta da Agência Internacional de Energia Renovável (IRENA) em seu World Energy Transition Outlook, lançado nesta 3ª feira (29/3).

O documento é divulgado em um momento crítico para o mercado global de energia: por um lado, a alta nos preços da energia e dos combustíveis fósseis pressiona os governos a buscar soluções de curto prazo para ampliar a oferta de petróleo, gás e carvão para reduzir o preço e conter reflexos inflacionários; por outro, a urgência da crise climática e os compromissos dos países sob o Acordo de Paris exigem uma abordagem de longo prazo, com investimentos significativos na expansão das fontes renováveis.

Para a IRENA, essas questões não são excludentes: a segurança e a independência energética dos países passam por um impulso maior à geração renovável, em linha com os esforços necessários para descarbonizar o setor energético e contribuir para conter a mudança do clima. “Os altos preços dos combustíveis fósseis podem resultar em pobreza energética e perda de competitividade industrial. 80% da população mundial vive em países que são importadores líquidos de combustíveis fósseis. Por outro lado, as energias renováveis estão disponíveis em todos os países, oferecendo uma saída da dependência de importações e permitindo que os países dissociem suas economias dos custos dos combustíveis fósseis enquanto impulsionam o crescimento econômico e novos empregos”, comentou Francesco La Camera, diretor-geral da IRENA.

De acordo com a agência, os países precisam canalizar investimentos de US$ 5,7 trilhões anuais até 2030 para impulsionar a geração renovável, além de reduzir em 700 bilhões de dólares anuais os valores investidos na energia fóssil. Esse custo, entretanto, permitiria benefícios socioeconômicos e de bem-estar concretos, com a geração de 85 milhões de empregos em todo o mundo até o final desta década. Esse ganho mais do que compensaria os 12 milhões de postos de trabalho que desapareceriam da indústria fóssil neste mesmo período, além de distribuir as vagas de trabalho do setor de forma mais equilibrada e disseminada entre os países.

A Associated Press repercutiu essa notícia.

 

ClimaInfo, 30 de março de 2022.

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